O aprofundamento psicológico do protagonista do conto “Leão de Chácara” é maior do que o do protagonista de “Paulinho Perna Torta”, e isso se deve ao fato de o primeiro conto ser narrado em primeira pessoa, enquanto o segundo é narrado em terceira pessoa.

As ações dos dois contos se passam na antiga capital federal, a cidade do Rio de Janeiro, e neles João Antônio consegue recriar ficcionalmente a mudança da malandragem do centro da cidade para os morros e os subúrbios.

A trajetória dos dois protagonistas se aproxima, uma vez que ambos têm uma infância difícil, sobem na vida pela malandragem e, ao final, encontram-se em decadência, com dificuldade de encontrar uma posição numa sociedade em transformação.

Em ambos os contos desenha-se uma malandragem idealizada, dominada por valores como a palavra de honra, a proteção dos mais jovens e fracos e a solidariedade, que irmana os malandros.

Desde pequenos, os dois protagonistas já eram “mordidos”, “embirrados”, ou seja, briguentos, e não levavam desaforo para casa, a ponto de um ter o apelido de Pirraça e o outro ser o Perna Torta, por causa de um ferimento recebido durante uma briga.