Considere os dois poemas abaixo, de Cecília Meireles e Ferreira Gullar:
I.
Cenário
Da brenha tenebrosa aos curvos montes,
do quebrado almocafre aos anjos de ouro
que o céu sustém nos longos horizontes,
tudo me fala e entende o tesouro
arrancado a estas Minas enganosas,
com sangue sobre a espada, a cruz e o louro.
Tudo me fala e entendo: escuto as rosas
e os girassóis destes jardins, que um dia
Altas capelas contam-me divinas
fábulas. Torres, santos e cruzeiros
apontam-me altitudes e neblinas.
foram terras e areias dolorosas,
por onde o passo da ambição rugia;
por onde se arrastava, esquartejado,
o mártir sem direito de agonia.
Escuto os alicerces que o passado
tingiu de incêndio: a voz dessas ruínas
de muros de ouro em fogo evaporado.
II.
Grécia pelos olhos
Não pelos ouvidos
mas pelos olhos
chega até nós, Grécia, de deuses finados
e de heróis
pelos olhos
uma vez que
à nossa frente estão as colunas
do Partenon, patinadas,
e tudo o que se vê acima delas
é o céu atual
e vazio
de Atenas
atravessado de aviões
..............................................
Recolho no chão da Acrópolis
uma mínima parte
do esqueleto de Apolo
(que ali jaz,
ao pé do Erectéion, disperso,
impossível de se distinguir
Em meio a tantos fragmentos de mármore)
Sobre esses poemas, é correto afirmar: