“Onde há tutu, os piranhudos vêm morder. E já era assim no tempo dos antigos. Por essas e por outras, isto aqui que trago à direita da cintura, enrustido, mas fazendo volume do lado de fora do paletó, não é nenhuma lata de vaselina. É uma automática, de pente pronto, cheio, dessas máquinas de guerra que comprei de um marítimo e que só os majorangos das três armas podem usar. ”

Esse é o último parágrafo do conto "Leão-de-chácara", do livro de mesmo título (1975), de João Antônio. Sobre o conto e a obra, considere as seguintes afirmativas:

1) Ao invés de mera representação documental da fala popular, a linguagem do livro opera uma produtiva fusão entre a linguagem da tradição literária e a oralidade do período.

2) O narrador, leão-de-chácara de "buate", fizera vários trabalhos na vida, e no momento trabalhava como "leão", levando a vida na noite, desgarrado de qualquer ambiente familiar.

3) Pela presença de uma linguagem mais próxima da oralidade e por envolver estratos menos favorecidos da sociedade, a obra se revela uma exceção num período em que a literatura brasileira passava por uma reação particularmente conservadora, formal e tematicamente.

4) A arma de fogo que o narrador descreve, dessas que "só os majorangos das três armas podem usar", revela um dos muitos exemplos das relações mantidas por classes sociais distintas com o submundo apresentado na obra.

Assinale a alternativa correta.