“Sérgio Buarque de Holanda deve ter recordado o conto de Machado de Assis ao delinear o perfil do brasileiro médio e estabelecer o conceito de ’homem cordial’, para o qual ’a vida em sociedade é, de certo modo, uma verdadeira libertação do pavor que ele sente de viver consigo mesmo’. [...] No mesmo ano da publicação de Raízes do Brasil, 1936, Gilberto Freyre publicou Sobrados e mucambos, obra em que também empregou o conceito de homem cordial. A compreensão dos dois autores, porém, é muito diferente. Enquanto Sérgio Buarque desejava revelar o caráter promíscuo da relação dos domínios do público e do privado, Freyre buscava assinalar ’o equilíbrio de antagonismos’, ou seja, a capacidade de conciliação, tristemente célebre na política brasileira - de ontem, de hoje e de amanhã, o leitor acrescentará”.

(ROCHA, João Cezar de Castro. Raízes que dão frutos. In: Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Ano 2, 13, outubro de 2006, p. 26-27.)

Analise a utilização do conceito de “homem cordial” elaborado pelos autores para explicar o comportamento do brasileiro, na abordagem da identidade social no Brasil.