“Quando repreenderem e castigarem estes cativos, seja sim o suplício condigno e proporcionado, porém as palavras sejam sempre amorosas; e pelo contrário, quando lhes fizerem algum bem ou benefício, usem então de palavras mais dominantes, para que deste modo sempre o amor, o poder e o respeito reciprocamente se temperem, de sorte que nem os senhores, por rigorosos deixem de ser amados nem também, por benévolos, deixem de ser temidos e respeitados. [...] Devem os possuidores destes cativos corrigir e emendar-lhes os seus erros, quando tiverem já experiência de lhes não ser bastante para esse eleito a palavra; porque se o escravo for de boa índole, poucas vezes errará e para emenda dele bastará a repreensão; mas se for protervo, ou travesso, continuamente obrará mal, e será necessário para o corrigir que a repreensão vá acompanhada e auxiliada também pelo castigo.”

(Adaptado de ROCHA, Manoel Ribeiro. In: LARA, Silvia Hunold. Campos da Violência: escravos e senhores na Capitania do Rio de Janeiro, 1750-1808. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988, p. 14.)

O debate sobre o caráter brando ou cruel da escravidão no Brasil é bastante antigo na historiografia. O texto do Padre Manoel Ribeiro Rocha, datado de 1758, expressa: