A ação afirmativa nas universidades
Uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos em 2003 proibiu a utilização de cotas, mas aprovou o uso de outras políticas de ação afirmativa na admissão nas universidades públicas americanas. O voto foi apertado (5 a 4), e um dos dissidentes, o juiz Clarence Thomas, negro, mas reconhecido como o mais reacionário membro da corte, escreveu que a ação afirmativa prejudica as minorias, retardando o seu progresso. A tese de Thomas era que, uma vez admitidos, os alunos de cor não conseguiriam sucesso na competição com os colegas.
Em resposta, o ex-presidente da Universidade Princeton, William Bowen, co-autor de um estudo sobre a questão, declarou: “De alguma forma, os cientistas sociais devem dizer claramente aos juízes, mesmo ao Clarence Thomas, que a evidência (empírica) é relevante”. Bowen e Derek Bok, ex-presidente da Universidade Harvard, estudaram uma base de dados com 45 mil ex-alunos de algumas das instituições americanas mais seletivas e concluíram exatamente o oposto do que Thomas escreveu no seu parecer. Mesmo aqueles que tiraram notas baixas nos testes do final do curso secundário - e, portanto, mais provavelmente admitidos por causa da ação afirmativa - ganharam muito por freqüentar uma universidade de elite.
O pesquisador do Ipea Sergei Soares documentou que, no Brasil, o trabalhador negro ganha em média a metade do que ganha um branco, e quase dois terços dessa diferença é atribuível à educação. Aumentar o acesso dos negros à escolaridade é um passo essencial para diminuir esse hiato de renda, e a evidência empírica internacional e brasileira pode ajudar a indicar o melhor caminho para fazê-lo. [...]
(SCHEINKMAN, José Alexandre. Folha de S. Paulo, 16 jun. 2006.)
Se o autor do texto considera reacionário o posicionamento do juiz Clarence Thomas e mostra claramente que está no lado oposto, é correto afirmar que o autor julga o próprio posicionamento como: