Eduardo Gonçalves de Andrade, o Tostão, foi um dos maiores jogadores de futebol que o Brasil já teve, sendo comparado a Pelé. Neste trecho de entrevista, concedida em 1993, Tostão relembra momentos importantes de sua vida como jogador.

Entrevistador: Você foi o jogador de fato mais comparado ao Pelé. Eu queria saber qual o peso dessa comparação, já que o Pelé é... uma barbaridade. E como é jogar com ele? Você sentiu isso como algo diferente?

Tostão: Sem nenhuma falsa modéstia, eu nunca me aproximei do Pelé. Ele foi um jogador realmente à parte, muito acima de todos os outros jogadores de todas as épocas. O Pelé tinha tudo, todas as qualidades. Eu tinha grandes qualidades, mas algumas dificuldades. O Pelé não: cabeceava muito bem, tinha velocidade, driblava, era um jogador muito inteligente dentro do campo. Apesar de ter sido uma pessoa pobre, ele tinha um físico exemplar de atleta. E eu era um jogador que não tinha grande velocidade. Eu tinha um arranque muito bom, mas quando a bola ia a uma distância em que eu precisava de uma velocidade maior, eu não tinha. Cabeceava mal, saltava pouco. Eu não tinha a condição física do Pelé, não era um atleta. Lembro até hoje que um grande jornalista falou que não sabia como eu jogava, porque eu não tinha nada de jogador de futebol, tinha perna curta, não era alto. Não tinha características de um grande jogador. Mas eu tinha grandes qualidades, principalmente a de jogar vendo o jogo. No segundo em que a bola chegava em mim, eu já sabia o que fazer, tinha uma visão de jogo muito grande.

No texto, a frase: