Entrevista com a escritora Susan Sontag.

Veja - Exposição demais à violência por meio de fotos e imagens de televisão pode levar as pessoas à indiferença e à passividade?

Susan - Essa foi uma ideia que comecei a discutir nos anos 70, quando escrevi meu primeiro ensaio sobre fotografia, e que senti a necessidade de retomar agora. Naquela época eu disse de maneira um tanto forte que as imagens poderiam, sim, nos tornar passivos. Hoje eu acredito que isso não é necessariamente verdade. As coisas só acontecem dessa maneira se a mensagem que acompanha a imagem for a de que nada pode ser feito. Se a mensagem subliminar for "sim, tudo é horrível, mas interferir está fora de nossas possibilidades", aí ela leva você à passividade. E é preciso estar alerta também para a compaixão e a simpatia fácil que as imagens de sofrimento nos provocam. (...) Esse tipo de surpresa é uma espécie de clamor de inocência, um álibi. Precisamos sempre questionar o papel da compaixão quando vemos algo terrível que está acontecendo longe de nós. Se não carregar consigo a ideia de que as coisas podem mudar, talvez você se torne realmente passivo e comece a pensar na realidade como um espetáculo.

(Veja, ed. 1817, ago. 2003.)

Entrevista com o cineasta Steven Spielberg.

Veja - O que o senhor acha da tese de que a violência no cinema e na televisão estimula o público a agir da mesma forma?

Spielberg - Acho correta. Assistir à violência no cinema ou em programas de TV estimula muito mais os espectadores a imitar o que veem do que assistir a ela ao vivo ou nos telejornais. No cinema, a violência é filmada com iluminação perfeita, em cenas espetaculares, em câmera lenta, tornando-se até romântica. Já no noticiário o público tem uma percepção muito melhor de como a violência pode ser horrorosa e usada com finalidades que não existem no cinema.

(Veja, ed. 1821, set. 2003.)

Em um texto de até 10 linhas, compare os pontos de vista de Susan Sontag e Steven Spielberg sobre os efeitos da exposição do público a imagens de violência.