Sábato Magaldi, importante crítico teatral brasileiro, afirma a respeito de A moratória:

Situando a peça em dois planos e a ação nos anos de 1929 e 1932, Jorge Andrade quis deixar bem marcada a queda irremediável da aristocracia rural. Há ironia e quase sadismo na repetição do jogo de esperança e desespero, até que o pano baixe sobre um silêncio mortal. Apenas 1929 seria o retrato da crise, da perda da fazenda com o aviltamento do preço do café. Mas um grupo não morre de uma vez, a não ser pela revolução, e A moratória compraz-se em consignar os estertores, a última tentativa de sobrevivência. Procura-se alegar, judicialmente, a nulidade do processo de praceamento, mas uma sutileza jurídica, arbitrária quase na indiferença com que atua, torna vão o esforço. 1932 encerra em definitivo uma fase da vida nacional e A moratória sela, na literatura, o processo de decomposição.

(Panorama do teatro brasileiro. SNT; DAC/FUNARTE; MEC, [s. d.]. p. 213.)

Pensando nas palavras do crítico, assinale a(s) alternativa(s) correta(s) a respeito de A moratória.

a) O fundo histórico da peça são o crack da Bolsa de Nova Iorque e os problemas políticos que o Brasil vive na transição da República Velha para a República Nova.

b) A fala de Joaquim, repetida diversas vezes durante a peça, "somos o que fomos", representa seu orgulho e a certeza de que a realidade não alterará a trajetória da vida mantida até ali.

c) Olímpio, namorado de Helena, só será aceito por Joaquim por ser advogado e, assim, ter meios para tentar reverter o processo de perda da fazenda.

d) Joaquim e Lucília, durante o transcurso da peça, vivem processo psicológico idêntico: de personagens absolutamente duros, quase cruéis, tornam-se aos poucos mais dóceis, a ponto de acreditar que perder a fazenda foi uma lição de humildade que receberam.

e) Alternando as falas do plano do presente e do plano do passado, a peça ganha intenso dinamismo dramatúrgico, ao mesmo tempo que marca as diferenças entre a riqueza do passado e a pobreza do presente a que está relegada uma família rural e aristocrática.

f) Após a decadência, Helena, a esposa de Joaquim, Lucília e Marcelo, os filhos, trabalham duramente em profissões diversas para garantir o mínimo de dignidade à família falida.