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Por mais bem informado que você possa ser, não dá para baixar a guarda. Mas por que as notícias falsas — mesmo aquelas mais improváveis — parecem tão convincentes para tantas pessoas? Van Bavel, professor de psicologia e ciência neural da Universidade de Nova York, se especializou em entender como as crenças políticas e identidades de grupo influenciam a mente, e descobriu que a identificação composições políticas pode interferir em como o cérebro processa as informações. Tendemos a rejeitar fatos que ameaçam nosso senso de identidade e sempre buscar informações que confirmem nossas próprias crenças, seja por meio de memórias seletivas, leituras de fontes que estão do nosso lado ou mesmo interpretando os fatos de determinada maneira. Isso tudo está relacionado a não querermos ter nossas ideias, gostos, identidade questionados, e por isso temos dificuldade em aceitar o que contradiz aquilo em que acreditamos.

Ana Prado. “A ciência explica por que caímos em fake news”. Superinteressante. 15/06/2018. Adaptado.

De acordo com o texto,


Fico imaginando se, em uma visita à casa de amigos, alguém me receber de cara fechada ou demorar para abrir a porta, sem demonstrar o mínimo de acolhimento. Talvez eu perca o tesão do encontro, deixando toda minha empolgação do lado de fora. Para mim, não é diferente do serviço em um restaurante. Por mais que a comida seja meu ponto principal, já perdi literalmente a fome quando fui ignorada, presenciei erros e mais erros de anotações de pratos, causando estresse nos comensais e na cozinha, sem contar as atitudes desagradáveis da brigada, quando resolve discutir no meio do salão. De outro lado, criei laços com restaurantes e bares por conta do atendimento impecável, dos quais os comes e bebes não são necessariamente maravilhosos. O fato de me sentir acolhida e bem atendida causa um grande peso naquilo que tanto se fala na gastronomia: a experiência.

Beatriz Marques. “A arte de servir”. Revista Menu. Março/2019. Adaptado.

  1. a) Explique o sentido do termo “literalmente” no trecho “Por mais que a comida seja meu ponto principal, já perdi literalmente a fome quando fui ignorada”.

  2. b) Reescreva o excerto “causando estresse nos $\underline{\text{comensais}}$ e na cozinha, sem contar as atitudes desagradáveis da $\underline{\text{brigada}}$”, substituindo os termos grifados por outros de sentido equivalente.

Ela desatinou

Ela desatinou,

Viu chegar quarta-feira

Acabar brincadeira,

Bandeiras se desmanchando

E ela inda está sambando

Ela desatinou,

Viu morrer alegrias,

Rasgar fantasias

Os dias sem sol raiando

E ela inda está sambando

Ela não vê que toda gente

Já está sofrendo normalmente

Toda a cidade anda esquecida,

Da falsa vida, da avenida onde

Ela desatinou,

viu chegar quarta-feira

Acabar brincadeira,

Bandeiras se desmanchando

E ela inda está sambando

Ela desatinou,

viu morrer alegrias,

Rasgar fantasias

Os dias sem sol raiando

E ela inda está sambando

Quem não inveja a infeliz,

Feliz no seu mundo de cetim,

Assim debochando

Da dor, do pecado

Do tempo perdido,

Do jogo acabado

Chico Buarque de Hollanda.1968.

  1. a) Explique quais são os universos em oposição apresentados na letra da canção e exemplifique com dois versos.

  2. b) Considerando a ambiguidade presente no verso “Os dias sem sol raiando”, transforme a oração reduzida de gerúndio em duas possíveis orações desenvolvidas, contemplando os diferentes sentidos do verso.

Disponível em http://www.malvados.com.br/.

Considerando a ironia da tirinha, é possível inferir que


Existe o Rio de Janeiro, o Rio de Janeiro e o Rio de Janeiro. O primeiro Rio é aquele que ainda anseia por Ipanemas perdidas, de um tempo em que os amores eram recatados e silenciosos, o povo sorridente e polido, a água do mar cristalina e tépida e a música suave e gingada. O segundo Rio é a terra de ninguém, trombeteada nos noticiários de TV, em que cada esquina é um Vietnã ou Iraque e não há lugar seguro para correr. Uma cidade de favelas que cercam os redutos de cidadania, favelas dominadas por traficantes e demais bandidos que cada vez mais transbordam para o asfalto a sua violência. Mas há ainda um terceiro Rio de Janeiro. Aquele de quem anda de ônibus, compra nas bancas os jornais populares, zanza pelo camelódromo, permite-se um churrasquinho de gato com cerveja na esquina e sabe que existem muitos matizes entre o preto e o branco, a favela e o asfalto, a lei e o crime. Cidade de pessoas que, seja qual for a cor e a classe social, andam pra lá e pra cá com celulares, rádios minúsculo CDs piratas ou não e DVDs idem. É uma cidade que pode ir do samba de roda à techno music, da umbanda ao padre pop, do grito para a casa da vizinha à internet num microinstante. É o Rio de Janeiro que, musicalmente, não cabe mais no compasso da bossa nova - por mais que alguns tenham tentado aditivar eletronicamente o seu balanço - e nem no chamado samba de raiz, cultuada por setores jovens da classe média, mas definitivamente trocado pela grande massa pelo flexível pagode romântico, que assume sem preconceitos as formas úteis de toda a música popular, seja ela o rock, o sertanejo ou o pop negro americano.

Silvio Essinger. Batidão. Uma história do Funk. Rio de Janeiro: Record, 2005. Adaptado.

  1. a) Aponte a figura de linguagem utilizada para descrever o “segundo Rio” e explique como o seu uso contribui para a caracterização em curso no texto.

  2. b) Com base no texto, explique em que consiste o “terceiro Rio de Janeiro”.

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