USP 2004 Português - Questões
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Nos três textos abaixo, manifestam-se diferentes concepções do tempo; o autor de cada um deles expõe uma determinada relação com a passagem do tempo. Leia-os com atenção:
Texto I
Mais do que nunca a história é atualmente revista ou inventada por gente que não deseja o passado real, mas somente um passado que sirva a seus objetivos. (...) Os negócios da humanidade são hoje conduzidos especialmente por tecnocratas, resolvedores de problemas, para quem a história é quase irrelevante; por isso, ela passou a ser mais importante para nosso entendimento do mundo do que anteriormente.
(Eric Hobsbawm, Tempos interessantes: uma vida no século XX.)
Texto II
O que existe é o dia-a-dia. Ninguém vai me dizer que o que aconteceu no passado tem alguma coisa a ver com o presente, muito menos com o futuro. Tudo é hoje, tudo é já. Quem não se liga na velocidade moderna, quem não acompanha as mudanças, as descobertas, as conquistas de cada dia, fica parado no tempo, não entende nada do que está acontecendo.
(Herberto Linhares, depoimento)
Texto III
Não se afobe, não,
Que nada é pra já,
O amor não tem pressa,
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário,
Na posta-restante,
Milênios, milênios
No ar ...
E quem sabe, então,
O Rio será
Alguma cidade submersa.
Os escafandristas virão
Explorar sua casa,
Seu quarto, suas coisas,
Sua alma, desvãos ...
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras,
Fragmentos de cartas, poemas,
Mentiras, retratos,
Vestígios de estranha civilização.
Não se afobe, não,
Que nada é pra já,
Amores serão sempre amáveis.
Futuros amantes quiçá
Se amarão, sem saber,
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você.
(Chico Buarque, "Futuros amantes")
Redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, na qual você apontará, sucintamente, as diferentes concepções do tempo, presentes nos três textos, e argumentará em favor da concepção do tempo com a qual você mais se identifica.
Capitulação
Delivery Até pra telepizza É um exagero. Há quem negue? Um povo com vergonha Da própria língua
Já está entregue.
(Luís Fernando Veríssimo)
a) O título dado pelo autor está adequado, tendo em vista o conteúdo do poema? Justifique sua resposta.
b) O exagero que o autor vê no emprego da palavra “delivery” se aplicaria também a “telepizza”? Justifique sua resposta.
Uma flor, o Quincas Borba. Nunca em minha infância, nunca em toda a minha vida, achei um menino mais gracioso, inventivo e travesso. Era a flor, e não já da escola, senão de toda a cidade. A mãe, viúva, com alguma cousa de seu, adorava o filho e trazia- o amimado, asseado, enfeitado, com um vistoso pajem atrás, um pajem que nos deixava gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas nos morros do Livramento e da Conceição, ou simplesmente arruar, à toa, como dous peraltas sem emprego. E de imperador! Era um gosto ver o Quincas Borba fazer de imperador nas festas do Espírito Santo. De resto, nos nossos jogos pueris, ele escolhia sempre um papel de rei, ministro, general, uma supremacia, qualquer que fosse. Tinha garbo o traquinas, e gravidade, certa magnificência nas atitudes, nos meneios. Quem diria que... Suspendamos a pena; não adiantemos os sucessos. Vamos de um salto a 1822, data da nossa independência política, e do meu primeiro cativeiro pessoal.
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas
A busca de “uma supremacia, qualquer que fosse”, que neste trecho caracteriza o comportamento de Quincas Borba, tem como equivalente, na trajetória de Brás Cubas,
Leia com atenção as seguintes frases, extraídas do termo de garantia de um produto para emagrecimento:
I. Esta garantia ficará automaticamente cancelada se o produto não for corretamente utilizado.
II. Não se aceitará a devolução do produto caso ele contenha menos de 60% de seu conteúdo.
III. As despesas de transporte ou quaisquer ônus decorrente do envio do produto para troca corre por conta do usuário.
a) Reescreva os trechos destacados nas frases I e II, substituindo as conjunções que os iniciam por outras equivalentes e fazendo as alterações necessárias.
b) Reescreva a frase III, fazendo as correções necessárias.
Uma flor, o Quincas Borba. Nunca em minha infância, nunca em toda a minha vida, achei um menino mais gracioso, inventivo e travesso. Era a flor, e não já da escola, senão de toda a cidade. A mãe, viúva, com alguma cousa de seu, adorava o filho e trazia- o amimado, asseado, enfeitado, com um vistoso pajem atrás, um pajem que nos deixava gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas nos morros do Livramento e da Conceição, ou simplesmente arruar, à toa, como dous peraltas sem emprego. E de imperador! Era um gosto ver o Quincas Borba fazer de imperador nas festas do Espírito Santo. De resto, nos nossos jogos pueris, ele escolhia sempre um papel de rei, ministro, general, uma supremacia, qualquer que fosse. Tinha garbo o traquinas, e gravidade, certa magnificência nas atitudes, nos meneios. Quem diria que... Suspendamos a pena; não adiantemos os sucessos. Vamos de um salto a 1822, data da nossa independência política, e do meu primeiro cativeiro pessoal.
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas
Considere as seguintes afirmações:
I. Excesso de complacência e falta de limites assinalam não só a infância de Brás Cubas e a de Quincas Borba, referidas no excerto, mas também a de Leonardo (filho), das Memórias de um sargento de milícias.
II. Uma formação escolar licenciosa e indisciplinada, tal como a relatada no excerto, responde, em grande parte, pelas características de Brás Cubas, Leonardo (filho) e Macunaíma, personagens tipicamente malandras de nossa literatura.
III. A educação caracterizada pelo desregramento e pelo excesso de mimo, indicada no excerto, também é objeto de crítica em Libertinagem, de Manuel Bandeira, e Primeiras estórias, de Guimarães Rosa.
Está correto apenas o que se afirma em
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