USP 2003 Português - Questões

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Leia atentamente os três textos abaixo.

TEXTO I

Está no dicionário Houaiss:

autoestima s.f. qualidade de quem se valoriza, se contenta com seu modo de ser e demonstra, consequentemente, confiança em seus atos e julgamentos.

A definição do dicionário parece limitar-se ao âmbito do indivíduo, mas a palavra autoestima já há algum tempo é associada a uma necessidade coletiva. Por exemplo: nós, brasileiros, precisamos fortalecer nossa autoestima. Neste caso, a satisfação com nosso modo de ser, como povo, nos levaria à confiança em nossos atos e julgamentos. Mas talvez seja o caso de perguntar: não são os nossos atos e julgamentos que acabam por fortalecer ou enfraquecer nossa autoestima, como indivíduos ou como povo?

TEXTO II

Estão num poema de Drummond, da década de vinte, os versos:

E a gente viajando na pátria sente saudades da pátria.

(...)

Aqui ao menos a gente sabe que é tudo uma canalha só.

TEXTO III

Está num artigo do jornalista Zuenir Ventura, de dois anos atrás:

De um país em crise e cheio de mazelas, onde, segundo o IBGE, quase um quarto da população ganha R$ 4 por dia, o que se esperaria? Que fosse a morada de um povo infeliz, cético e pessimista, não?

Não. Por incrível que pareça, não. Os brasileiros não só consideram seu país um lugar bom e ótimo para viver, como estão otimistas em relação a seu futuro e acreditam que ele se transformará numa superpotência econômica em cinco anos. Pelo menos essa é a conclusão de um levantamento sobre a “utopia brasileira” realizado pelo Datafolha.

Com o apoio dos três textos apresentados, escreva uma dissertação em prosa, na qual você deverá discutir manifestações concretas de afirmação ou de negação da autoestima entre os brasileiros.

Apresente argumentos que deem sustentação ao ponto de vista que você adotou.

Zoo

Uma cascavel, nas encolhas*. Sua massa infame.

Crime: prenderam, na gaiola da cascavel, um ratinho branco. O pobrinho se comprime num dos cantos do alto da parede de tela, no lugar mais longe que pôde. Olha para fora, transido, arrepiado, não ousando choramingar. Periodicamente, treme. A cobra ainda dorme.

*

Meu Deus, que pelo menos a morte do ratinho branco seja instantânea!

*

Tenho de subornar um guarda, para que liberte o ratinho branco da jaula da cascavel. Talvez ainda não seja tarde.

*

Mas, ainda que eu salve o ratinho branco, outro terá de morrer em seu lugar. E, deste outro, terei sido eu o culpado.

(Fragmentos extraídos de Ave, palavra, de Guimarães Rosa)

(*) nas encolhas = retraída, imóvel

A situação do ratinho branco, preso na gaiola da cascavel, provocou no narrador


Zoo

Uma cascavel, nas encolhas*. Sua massa infame.

Crime: prenderam, na gaiola da cascavel, um ratinho branco. O pobrinho se comprime num dos cantos do alto da parede de tela, no lugar mais longe que pôde. Olha para fora, transido, arrepiado, não ousando choramingar. Periodicamente, treme. A cobra ainda dorme.

*

Meu Deus, que pelo menos a morte do ratinho branco seja instantânea!

*

Tenho de subornar um guarda, para que liberte o ratinho branco da jaula da cascavel. Talvez ainda não seja tarde.

*

Mas, ainda que eu salve o ratinho branco, outro terá de morrer em seu lugar. E, deste outro, terei sido eu o culpado.

(Fragmentos extraídos de Ave, palavra, de Guimarães Rosa)

(*) nas encolhas = retraída, imóvel

Por meio de frases como “A cobra ainda dorme”, “Talvez ainda não seja tarde” e “ainda que eu salve o ratinho branco”, o narrador


Conta-me Claúdio Mello e Souza. Estando em um café de Lisboa a conversar com dois amigos brasileiros, foram eles interrompidos pelo garçom, que perguntou, intrigado:

— Que raio de língua é essa que estão aí a falar, que eu percebo(*) tudo?

(Rubem Braga)

(*) percebo = compreendo

  1. a) A graça da fala do garçom reside num paradoxo. Destaque dessa fala as expressões que constituem esse paradoxo. Justifique.

  2. b) Transponha a fala do garçom para o discurso indireto. Comece com: O garçom lhes perguntou, intrigado, que raio de língua...

Zoo

Uma cascavel, nas encolhas*. Sua massa infame.

Crime: prenderam, na gaiola da cascavel, um ratinho branco. O pobrinho se comprime num dos cantos do alto da parede de tela, no lugar mais longe que pôde. Olha para fora, transido, arrepiado, não ousando choramingar. Periodicamente, treme. A cobra ainda dorme.

*

Meu Deus, que pelo menos a morte do ratinho branco seja instantânea!

*

Tenho de subornar um guarda, para que liberte o ratinho branco da jaula da cascavel. Talvez ainda não seja tarde.

*

Mas, ainda que eu salve o ratinho branco, outro terá de morrer em seu lugar. E, deste outro, terei sido eu o culpado.

(Fragmentos extraídos de Ave, palavra, de Guimarães Rosa)

(*) nas encolhas = retraída, imóvel

O último parágrafo permite inferir que a convicção final do narrador é a de que


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