UNESP 2009 Português - Questões
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INSTRUÇÃO: A questão toma por base um poema de Cecília Meireles (1901-1964), cujo tema é a natação, e um poema de Joaquim Cardozo (1897-1978) sobre as vitórias do atleta brasileiro Ademar Ferreira da Silva no salto tríplice (medalha de ouro nas Olimpíadas de Helsinque, em 1952, e de Melbourne, em 1956, entre outras vitórias).
Nadador
O que me encanta é a linha alada
das tuas espáduas, e a curva
que descreves, pássaro da água!
É a tua fina, ágil cintura,
e esse adeus da tua garganta
para cemitérios de espuma!
É a despedida, que me encanta,
quando te desprendes ao vento,
fiel à queda, rápida e branda.
E apenas por estar prevendo,
longe, na eternidade da água,
sobreviver teu movimento...
(Cecília Meireles. Jogos olímpicos. In: Poesias completas de Cecília Meireles — vol. IV. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1973. p. 44.)
O salto tripartido
Havia um arco projetado no solo
Para ser recomposto em três curvas aéreas,
Havia um vôo abandonado no chão
À espera das asas de um pássaro;
Havia três pontos incertos na pista
Que seriam contatos de pés instantâneos.
Três jatos de fonte, contudo, ainda secos,
Três impulsos plantados querendo nascer.
Era tudo assim expectativo e plano
Tudo além somente perspectivo e inerte;
Quando Ademar Ferreira, com perfeição olímpica,
Executou, em relevo, o mais alto,
- Em notas de arpejo
- Em ritmo iâmbico O tripartido salto.
(Joaquim Cardozo, Poesias completas. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1971. p. 108.)
Embora a natação seja um esporte da água e o salto tríplice um esporte do solo, envolvem também manobras no plano do ar (o salto de partida, na natação, e os três saltos seguidos, no salto tríplice), o que permite entender, nos poemas apresentados, a utilização de imagens que podem ser consideradas “aéreas”. Aponte duas palavras ou expressões da primeira estrofe (primeiros três versos) do poema de Cecília e duas palavras ou expressões da primeira estrofe (primeiros quatro versos) do poema de Cardozo que exprimem noções relacionadas com o plano do ar.
INSTRUÇÃO: A questão toma por base um poema de Cecília Meireles (1901-1964), cujo tema é a natação, e um poema de Joaquim Cardozo (1897-1978) sobre as vitórias do atleta brasileiro Ademar Ferreira da Silva no salto tríplice (medalha de ouro nas Olimpíadas de Helsinque, em 1952, e de Melbourne, em 1956, entre outras vitórias).
Nadador
O que me encanta é a linha alada
das tuas espáduas, e a curva
que descreves, pássaro da água!
É a tua fina, ágil cintura,
e esse adeus da tua garganta
para cemitérios de espuma!
É a despedida, que me encanta,
quando te desprendes ao vento,
fiel à queda, rápida e branda.
E apenas por estar prevendo,
longe, na eternidade da água,
sobreviver teu movimento...
(Cecília Meireles. Jogos olímpicos. In: Poesias completas de Cecília Meireles — vol. IV. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1973. p. 44.)
O salto tripartido
Havia um arco projetado no solo
Para ser recomposto em três curvas aéreas,
Havia um vôo abandonado no chão
À espera das asas de um pássaro;
Havia três pontos incertos na pista
Que seriam contatos de pés instantâneos.
Três jatos de fonte, contudo, ainda secos,
Três impulsos plantados querendo nascer.
Era tudo assim expectativo e plano
Tudo além somente perspectivo e inerte;
Quando Ademar Ferreira, com perfeição olímpica,
Executou, em relevo, o mais alto,
- Em notas de arpejo
- Em ritmo iâmbico O tripartido salto.
(Joaquim Cardozo, Poesias completas. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1971. p. 108.)
Os dois poemas divergem no que diz respeito ao ponto de vista utilizado pelo eu-poemático para focalizar o tema. No poema de Joaquim Cardozo, as formas verbais surgem na terceira pessoa, o que cria um distanciamento entre o eu-poemático e o evento narrado liricamente. Já no poema de Cecília Meireles, o eu-poemático assume a primeira pessoa do singular. Aponte o efeito, em termos narrativos, dessa escolha de Cecília.
INSTRUÇÃO: A questão toma por base um poema de Cecília Meireles (1901-1964), cujo tema é a natação, e um poema de Joaquim Cardozo (1897-1978) sobre as vitórias do atleta brasileiro Ademar Ferreira da Silva no salto tríplice (medalha de ouro nas Olimpíadas de Helsinque, em 1952, e de Melbourne, em 1956, entre outras vitórias).
Nadador
O que me encanta é a linha alada
das tuas espáduas, e a curva
que descreves, pássaro da água!
É a tua fina, ágil cintura,
e esse adeus da tua garganta
para cemitérios de espuma!
É a despedida, que me encanta,
quando te desprendes ao vento,
fiel à queda, rápida e branda.
E apenas por estar prevendo,
longe, na eternidade da água,
sobreviver teu movimento...
(Cecília Meireles. Jogos olímpicos. In: Poesias completas de Cecília Meireles — vol. IV. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1973. p. 44.)
O salto tripartido
Havia um arco projetado no solo
Para ser recomposto em três curvas aéreas,
Havia um vôo abandonado no chão
À espera das asas de um pássaro;
Havia três pontos incertos na pista
Que seriam contatos de pés instantâneos.
Três jatos de fonte, contudo, ainda secos,
Três impulsos plantados querendo nascer.
Era tudo assim expectativo e plano
Tudo além somente perspectivo e inerte;
Quando Ademar Ferreira, com perfeição olímpica,
Executou, em relevo, o mais alto,
- Em notas de arpejo
- Em ritmo iâmbico O tripartido salto.
(Joaquim Cardozo, Poesias completas. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1971. p. 108.)
A abordagem da natação e do salto tríplice nos poemas apresentados se faz por meio de imagens e metáforas que nos apresentam de modo lírico os aspectos objetivos dos esportes focalizados. Com base neste comentário, esclareça o que quer dizer o eu-poemático no poema de Joaquim Cardozo ao dizer que na pista havia “três pontos incertos”, “três jatos de fonte ainda secos” e “três impulsos plantados querendo nascer”.
INSTRUÇÃO: A questão se baseia numa fala de personagem de uma peça de Millôr Fernandes (1923 -) e num soneto de Antero de Quental (1842-1891).
Atriz
(Rindo forçosamente depois que os atores saem.)
Tem gente que continua achando que a vida é uma piada. Ainda bem que tem gente que pensa que a vida é uma piada. Pior é a gente que pensa que o homem é o rei da criação. Rei da criação, eu, hein? Um assassino nato, usufruidor da miséria geral - se você come, alguém está deixando de comer, a comida não dá para todos, não - de que é que ele se ri? De que se ri a hiena? Se não for atropelado ficará no desemprego, se não ficar desempregado vai pegar um enfisema, será abandonado pela mulher que ama - mas ama, hein? - , arrebentado pelos filhos - pelos pais, se for filho -, mordido de cobra ou ficará impotente. E se escapar de tudo ficará velho, senil, babando num asilo. Piada, é? Pode ser que haja vida inteligente em outro planeta, neste, positivamente, não. O homem é o câncer da Terra. Estou me repetindo? Pois é: corrompe a natureza, fura túneis, empesta o ar, emporcalha as águas, apodrece tudo onde pisa. Fique tranquilo, amigo: o desaparecimento do ser humano não fará a mínima diferença à economia do cosmos.
(Millôr Fernandes. Computa, computador, computa.3. ed. Rio de Janeiro: Nórdica, 1972. p. 85.)
Solemnia verba
Disse ao meu coração: Olha por quantos
Caminhos vãos andamos! Considera
Agora, desta altura fria e austera,
Os ermos que regaram nossos prantos...
Pó e cinzas, onde houve flor e encantos!
E noite, onde foi luz de primavera!
Olha a teus pés o mundo e desespera
Semeador de sombras e quebrantos! –
Porém o coração, feito valente
Na escola da tortura repetida,
E no uso do penar tornado crente,
Respondeu: Desta altura vejo o Amor!
Viver não foi em vão, se é isto a vida,
Nem foi demais o desengano e a dor.
(Antero de Quental. Os sonetos completos de Antero de Quental. Porto: Livraria Portuense de Lopes, 1886. p. 119; primeira edição, disponível na internet em: http://purl.pt/122/1/P160.html)
Os dois textos apresentados se identificam por expressar, sob pontos de vista distintos, a decepção e o pessimismo do homem com relação à vida e ao mundo. Diferenciam-se, todavia, na atitude final que apresentam ante essa decepção. Releia-os, atentamente, e explique essa diferença de atitude.
INSTRUÇÃO: A questão se baseia numa fala de personagem de uma peça de Millôr Fernandes (1923 -) e num soneto de Antero de Quental (1842-1891).
Atriz
(Rindo forçosamente depois que os atores saem.)
Tem gente que continua achando que a vida é uma piada. Ainda bem que tem gente que pensa que a vida é uma piada. Pior é a gente que pensa que o homem é o rei da criação. Rei da criação, eu, hein? Um assassino nato, usufruidor da miséria geral - se você come, alguém está deixando de comer, a comida não dá para todos, não - de que é que ele se ri? De que se ri a hiena? Se não for atropelado ficará no desemprego, se não ficar desempregado vai pegar um enfisema, será abandonado pela mulher que ama - mas ama, hein? - , arrebentado pelos filhos - pelos pais, se for filho -, mordido de cobra ou ficará impotente. E se escapar de tudo ficará velho, senil, babando num asilo. Piada, é? Pode ser que haja vida inteligente em outro planeta, neste, positivamente, não. O homem é o câncer da Terra. Estou me repetindo? Pois é: corrompe a natureza, fura túneis, empesta o ar, emporcalha as águas, apodrece tudo onde pisa. Fique tranquilo, amigo: o desaparecimento do ser humano não fará a mínima diferença à economia do cosmos.
(Millôr Fernandes. Computa, computador, computa.3. ed. Rio de Janeiro: Nórdica, 1972. p. 85.)
Solemnia verba
Disse ao meu coração: Olha por quantos
Caminhos vãos andamos! Considera
Agora, desta altura fria e austera,
Os ermos que regaram nossos prantos...
Pó e cinzas, onde houve flor e encantos!
E noite, onde foi luz de primavera!
Olha a teus pés o mundo e desespera
Semeador de sombras e quebrantos! –
Porém o coração, feito valente
Na escola da tortura repetida,
E no uso do penar tornado crente,
Respondeu: Desta altura vejo o Amor!
Viver não foi em vão, se é isto a vida,
Nem foi demais o desengano e a dor.
(Antero de Quental. Os sonetos completos de Antero de Quental. Porto: Livraria Portuense de Lopes, 1886. p. 119; primeira edição, disponível na internet em: http://purl.pt/122/1/P160.html)
O soneto Solemnia verba se desenvolve como um diálogo entre duas personagens: o eu-poemático e seu “coração”. O que simboliza, no poema, a personagem “coração”?
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