UFPR 2016 Sociologia - Questões

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Boaventura de Souza Santos, sociólogo contemporâneo, afirma, sobre as novas formas de participação social, que, apesar de mutuamente constituídos, capitalismo e colonialismo não se confundem. “O capitalismo pode desenvolver-se sem o colonialismo, enquanto relação política, como se verificou historicamente, mas não o pode fazer sem o colonialismo enquanto relação social, que podemos designar por colonialidade do poder e do saber. O conjunto de trocas extremamente desiguais assenta-se na privação da humanidade da parte mais fraca, como condição para a sobre-explorar ou para a excluir como descartável. O capitalismo, enquanto formação social, não tem de sobre-explorar todos os trabalhadores e por definição não pode excluir e descartar todas as populações, mas, por outro lado, não pode existir sem populações sobre-exploradas e sem populações descartáveis”. Também afirma: “Entendo por pós-colonialismo um conjunto de correntes teóricas e analíticas, com forte implantação nos estudos culturais, mas hoje presentes em todas as ciências sociais, que têm em comum darem primazia teórica e política às relações desiguais entre o Norte e o Sul na explicação ou na compreensão do mundo contemporâneo. Tais relações foram constituídas historicamente pelo colonialismo, e o fim do colonialismo enquanto relação política não acarretou o fim do colonialismo enquanto relação social, enquanto mentalidade e forma de sociabilidade autoritária e discriminatória. Para esta corrente, é problemático saber até que ponto vivemos em sociedades pós-coloniais”.

(Disponível em:

Com base na definição de pós-colonialismo apresentada por Boaventura de Souza Santos, discorra sobre as relações atuais entre capitalismo e colonialismo.

Observe o conteúdo do depoimento de uma menina trabalhadora na época da industrialização inglesa:

"Sou encarregada de abrir e fechar as portas de ventilação na mina de Gauber, tenho de fazer isso sem luz e estou assustada. Entro às quatro, e às vezes às três e meia da manhã, e saio às cinco e meia. Nunca durmo. Às vezes canto quando tenho luz, mas não no escuro: não ouso cantar”. Essa é a descrição feita por uma menina de oito anos, Sarah Gooder, de um dia nas minas, em meados do século XIX. As revelações de Sarah e de outras crianças levaram finalmente a uma legislação proibindo o emprego de crianças nas minas - quer dizer, crianças abaixo de dez anos de idade!"

(Retirado do texto de POSTMAN, Neil. O desaparecimento da Infância. Rio de Janeiro: Graphia, 1999, p. 67.)

Discorra sobre dois elementos a partir dos quais pode-se dizer que a sociologia, por um lado, “é o resultado de uma tentativa de compreensão de situações sociais radicalmente novas, criadas pela então nascente sociedade capitalista” (MARTINS, 1994, p. 8), e de outro lado, que “suas explicações sempre contiveram intenções práticas, um forte desejo de interferir no rumo desta civilização” (ibidem).

Aponte três características do nascimento da sociologia, que ocorre no contexto dos derradeiros momentos da desagregação da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista, e explique porque a sociologia é considerada uma ciência das sociedades que emergiram na esteira das revoluções industrial e intelectual.

"Segundo Raymond Aron, o fato novo que chama a atenção de todos os observadores da sociedade no princípio do século XIX é a indústria. Todos consideram que algo de original está acontecendo em relação ao passado. Principais traços desse momento: a indústria se baseia na organização científica do trabalho. Em vez de se organizar segundo o costume, a produção é ordenada com vistas ao rendimento máximo. Graças à aplicação da ciência à organização do trabalho, a humanidade desenvolve seus recursos. A produção industrial leva à concentração dos trabalhadores nas fábricas e nas periferias das cidades; surge um novo fenômeno social: as massas operárias. Essas concentrações de trabalhadores nos locais de trabalho determinam uma oposição, latente ou aberta, entre empregados e empregadores, entre proletários de um lado e empresários ou capitalistas do outro. Enquanto a riqueza, graças ao caráter científico do trabalho, não para de aumentar, multiplicam-se crises de superprodução, que têm por consequência criar a pobreza no meio da abundância. Enquanto milhões de indivíduos sofrem as carências da pobreza, mercadorias deixam de ser vendidas, para escândalo do espírito. O sistema econômico, associado à organização industrial e científica do trabalho, se caracteriza pela liberdade de trocas e pela busca do lucro por parte dos empresários e comerciantes. Alguns teóricos concluem daí que a condição essencial do desenvolvimento da riqueza é, precisamente, a busca do lucro e a concorrência, e que quanto menos o Estado intervier na economia, mais rapidamente aumentará a produção e a riqueza."

(ARON, Raymond. As Etapas do Pensamento Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1999.)

Caracterize o novo fenômeno social descrito por Aron em relação à industrialização e a organização científica do trabalho no século XIX.

"Cada sistema cultural está sempre em mudança. Entender essa dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que é fundamental para a humanidade a compreensão das diferenças entre povos de culturas diferentes, é necessário saber entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema. Esse é o único procedimento que prepara o homem para enfrentar serenamente este constante e admirável mundo novo do porvir."

(LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2008, p. 52.)

Explique com exemplos do próprio livro indicado na bibliografia, a formulação do autor sobre os tipos de mudanças culturais internas e externas em um sistema cultural.

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