UFPR 2014 Português - Questões
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Leia um trecho da entrevista ao iG do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, que teve, em 2012, seu primeiro longa-metragem, “O Som ao Redor”, incluído na lista dos dez melhores filmes do ano do jornal americano The New York Times.
iG: Como fazer para que “O Som ao Redor” seja visto por um grande público no Brasil?
Mendonça Filho: É difícil. O mercado hoje tem mecanismos de convencimento, tudo é massificado. Faz semanas que só vejo "O Hobbit” na minha frente: cartaz, jornal, Facebook, email, outdoor, televisão. É impressionante o que o dinheiro faz. No fim, as pessoas naturalmente assistem a esses filmes. Elas veem "O Hobbit” sem saber direito o motivo. E aí você tem filmes bem menores e fica pensando que seria bom se eles saíssem um pouco do cercadinho da cultura e fossem descobertos por outras pessoas, por pessoas que talvez não o vissem, mas viram e gostaram. Esse é o meu desejo.
iG: O que acha do Vale-Cultura?
Mendonça Filho: Talvez seja positivo, mas me parece pular alguns estágios, porque não há investimento educacional no País. Acho que investir na educação de base já geraria cidadãos naturalmente inclinados para a cultura.
(http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/cinema/2013-0303)
Obedecendo às normas da escrita culta, exponha a opinião de Mendonça Filho sobre a relação entre o público consumidor e o cinema, num texto em discurso indireto de até 8 linhas.
Curto, logo existo
Com a evolução e o aumento de usuários e da importância das redes sociais, o nome e a fotografia de cada pessoa passaram a funcionar como o substituto do sujeito. O “eu” real se esvaziou para dar lugar ao “perfil”. O filósofo francês René Descartes estabeleceu um novo modelo de pensamento no século XVII, ao formular em latim a seguinte proposição: “Penso, logo existo” (Cogito, ergo sum). Era uma forma de demonstrar que aquele que existe raciocina e, por conseguinte, põe em xeque o mundo que o cerca. A dúvida científica substituía a certeza religiosa. Hoje, Descartes se reviraria no seu túmulo em Estocolmo, caso pudesse observar o que se passa na cabeça dos seres humanos. “Curto, logo existo” (Amo, ergo sum) parece ser a nova atitude lógica popularizada pelo Facebook. A dúvida científica cedeu espaço à presunção tecnológica.
Melhor ainda é a formulação da jornalista americana Nancy Jo Sales no livro Bling Ring - a gangue de Hollywood: a dúvida sobre a existência do ego deu lugar, na cultura do ultraconsumismo e das celebridades, a um outro tipo de pergunta: “Se postei algo no Facebook e ninguém curtiu, eu existo?”
A resposta é: provavelmente não. Eu existo se meus tuítes não são comentados nem retuitados? Claro que não. E se são curtidos e retuitados, tampouco! Ninguém existe nas redes sociais senão como representações, que estão ali no lugar dos indivíduos. Não há uma transparência ou uma continuidade natural entre o que somos de fato e o que queremos ser nas redes sociais. Isso parece óbvio, mas não o é para muita gente. Agora as pessoas reais guardam uma alta concentração de nada nos cérebros, pois preferem jogar tudo o que pensam e sentem via suas representações nas redes sociais. Elas se tornam ocas para rechear de signos seus perfis. O verdadeiro eu migrou do mundo off-line para o online.
É óbvio que os signos na internet podem enganar, mentir e insidiosamente simular um alter ego digital. Os vigaristas e falsários pululam alegremente com suas máscaras nas redes sociais. Quando alguém me “curte” ou “não curte”, está agindo com sinceridade na mensagem ou quer agradar e parecer inteligente? Nesse sentido, se o eu do Facebook quiser se sentir mais vivo com o número de pessoas que o curtiram, estará caindo em uma armadilha. Pois ele não é o que é nem quem curte é o que parece ser. Mesmo quando a boa-fé existe, ela deixa de o ser porque nada se mantém estável no ambiente da “curtição” do Facebook. [...]
(Luís Antonio Guiron, Época, 01 ago. 2013)
Escreva um resumo do texto acima, com 10 linhas no máximo. Em seu texto, você deve:
Apresentar o ponto de vista do autor e os argumentos que ela utiliza para justificá-lo;
Escrever com suas próprias palavras, sem copiar enunciados do autor;
Mencionar no corpo do resumo o autor e a fonte do texto.
Texto 1
Sem Tempo para as Palavras
O tempo da comunicação por e-mails e mensagens de texto pode, em breve, ficar tão ultrapassado quanto o das cartas manuscritas enviadas pelo correio tradicional ou o das conversas ao telefone. E o longo post de 140 caracteres no Twitter? Esqueça! Estamos nos aproximando do dia em que tudo será dito com imagens, segundo o New York Times. “As fotos estão rapidamente se convertendo em um tipo de diálogo inteiramente novo”, escreveu Nick Bilton no jornal. “A turma de vanguarda está descobrindo que se comunicar com uma simples imagem, quer seja uma foto do que vai haver para o jantar ou uma imagem de uma placa de rua indicando ao amigo ’Ei, estou esperando por você aqui’, é mais fácil que se dar ao trabalho de usar as palavras.”
No passado, álbuns de fotos de família ocupavam espaço em estantes, repletos de imagens de casamentos, formaturas, férias memoráveis e poses desajeitadas em volta da árvore de Natal. Agora, com o clicar de um botão, podemos postar uma foto online, poupando-nos do trabalho de usar nossos dedos ou de digitar com os polegares num teclado pequeno. “Este é um momento divisor de águas. Estamos nos afastando da fotografia como maneira de registrar ou armazenar um momento passado e convertendo-a num meio de comunicação”, disse ao NYT Robin Kelsey, professor de fotografia da Universidade de Harvard. [...]
(Tom Brady, Observatório da Imprensa, 23/07/2013.)
Texto 2
Procura da Poesia
[...]
Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consume com seu poder de palavra e seu poder de silêncio. Não forces o poema a desprender-se do limbo. Não colhas no chão o poema que se perdeu. Não adules o poema. Aceita-o como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
(...)
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética. 8ª ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1975. p. 175-177)
Confronte os textos 1 e 2 e dê sua opinião sobre a utilização da palavra escrita: que prognósticos podemos fazer quanto ao seu uso na comunicação e na vida em geral?
Seu texto deve:
Apresentar uma opinião clara sobre o assunto e argumentos para sustentá-la, pautados nos textos;
Ter entre 10 e 12 linhas.
Ei, reaça, vaza dessa marcha
Não, reaça, eu não estou do seu lado. Não vem (4) transformar esse protesto legítimo em uma ação despolitizante contra a corrupção. Não vem (5) usar nariz de palhaço, não tem palhaço nenhum aqui. Agora que a mídia comprou a manifestação tu vem (1) dizer que acordou?
O povo já está na rua há muito tempo (6), movimentos sociais estão mobilizados apanhando da polícia faz muito tempo (7). São eles os baderneiros, os vândalos, os que atrapalham o trânsito. Movimento pelo transporte, Movimento Feminista, Movimento Gay, Movimento pela Terra, Movimento Estudantil... Ninguém tava dormindo! Essa violência que espanta todo mundo não é novidade, não é coisa de agora. Acontece TODOS os dias nas periferias brasileiras, onde não tem câmera pra registrar ou repórter para se machucar e modificar o discurso da mídia.
Não podemos admitir que nossa luta seja convertida pela direita numa passeata contra a corrupção. Não é uma causa de neoliberais. Não é uma causa pelos valores e pela família. Não estamos pedindo o fim do Estado - pelo contrário! - Esse “Acorda, Brasil” não tem absolutamente NADA a ver com a mobilização das últimas semanas. Então se tu realmente acredita (2) que a mídia tá do nosso lado, abre os olhos (3)! São muitas as maneiras de se acabar com um levante: força policial, mídia oportunista, adoção e desconstrução do discurso... [...]
(Texto do Blog de Natacastro, 17 jun. 2013.)
Ao chamar seu interlocutor de “reaça” ou “reacionário”, a autora do blog assume que ela não é reacionária. Em que trecho a autora explicita características desse reacionário?
Ei, reaça, vaza dessa marcha
Não, reaça, eu não estou do seu lado. Não vem (4) transformar esse protesto legítimo em uma ação despolitizante contra a corrupção. Não vem (5) usar nariz de palhaço, não tem palhaço nenhum aqui. Agora que a mídia comprou a manifestação tu vem (1) dizer que acordou?
O povo já está na rua há muito tempo (6), movimentos sociais estão mobilizados apanhando da polícia faz muito tempo (7). São eles os baderneiros, os vândalos, os que atrapalham o trânsito. Movimento pelo transporte, Movimento Feminista, Movimento Gay, Movimento pela Terra, Movimento Estudantil... Ninguém tava dormindo! Essa violência que espanta todo mundo não é novidade, não é coisa de agora. Acontece TODOS os dias nas periferias brasileiras, onde não tem câmera pra registrar ou repórter para se machucar e modificar o discurso da mídia.
Não podemos admitir que nossa luta seja convertida pela direita numa passeata contra a corrupção. Não é uma causa de neoliberais. Não é uma causa pelos valores e pela família. Não estamos pedindo o fim do Estado - pelo contrário! - Esse “Acorda, Brasil” não tem absolutamente NADA a ver com a mobilização das últimas semanas. Então se tu realmente acredita (2) que a mídia tá do nosso lado, abre os olhos (3)! São muitas as maneiras de se acabar com um levante: força policial, mídia oportunista, adoção e desconstrução do discurso... [...]
(Texto do Blog de Natacastro, 17 jun. 2013.)
Segundo a autora, esse “reaça”
1) É adepto do movimento "Acorda, Brasil".
2) Assume, em relação à mídia, postura semelhante à autora do texto.
3) Tem como uma de suas bandeiras a denúncia contra a corrupção.
4) Está entre os baderneiros, os vândalos e os que atrapalham o trânsito.
5) Adota e desconstrói o discurso do movimento.
Assinale a alternativa correta.
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