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A Raposa e as Uvas

Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadinha de lindos cachos maduros, coisa de fazer vir água à boca. Mas tão altos que nem pulando.

O matreiro bicho torceu o focinho.

- Estão verdes - murmurou. - Uvas verdes, só para cachorro.

E foi-se.

Nisto deu o vento e uma folha caiu.

A raposa ouvindo o barulhinho voltou depressa e pôs-se a farejar...

Moral: Quem desdenha quer comprar.

(Monteiro Lobato)

O texto acima é uma fábula - uma narrativa de fundo didático, em que os animais simbolizam um aspecto ou qualidade do ser humano. Narre uma história da vida moderna que seja a transposição da fábula acima. O seu texto deve ter personagens humanos, e a narração poderá ser em primeira ou terceira pessoa (você escolhe). Não ultrapasse o limite de 10 linhas.

A Rede Idiota

Segundo leio no Google, num site aberto ao acaso, a internet surgiu com objetivos militares, ainda em plena Guerra Fria, como uma forma de as Forças Armadas americanas manterem o controle, caso ataques russos destruíssem seus meios de comunicação ou se infiltrassem nestes e trouxessem a público informações sigilosas. Outro site diz: “Eram apenas quatro computadores ligados em dezembro de 1969, quando a internet começou a existir, ainda com o nome de Arpanet e com o objetivo de garantir que a troca de informações prosseguisse, mesmo que um dos pontos da rede fosse atingido por um bombardeio inimigo”.

Entre as décadas de 70 e 80, estudantes e professores universitários já trocavam informações e descobertas por meio da rede. Mas foi a partir de 1990 que a internet passou a servir aos simples mortais. Hoje há um bilhão de usuários no mundo todo, afirma outro site. Outro informa que o Brasil é o quinto no ranking dos países com mais usuários na internet, tem hoje cerca de 50 milhões de internautas ativos, atrás apenas da Índia, Japão, Estados Unidos e China, estes últimos com 234 e 285 milhões de usuários, respectivamente, informa ainda outro site.

Ilustro com essas informações (suspeitas, como todas que vagam no espaço virtual) a abrangência que tem hoje a internet em todo o mundo, em especial no Brasil. Quase nada acontece hoje sem que passe pela grande rede. Coisas importantes e coisas nem tão importantes assim, como este texto, que não chegaria tão ágil à redação da ISTOÉ se não fosse enviado de um computador a outro num piscar de olhos.

Não pretendo demonizar a internet, até porque sou bastante dependente dela. De todo modo, é histórico o mau uso que os humanos fazem de meios fantásticos de comunicação, e o rádio e a tevê estão aí e não me deixam mentir. De todas as ilusões que a internet alimenta, a que julgo mais grave é a terrível onipotência que seu uso desperta. Todos se acham capazes de tudo, com direito a tudo, opinar, julgar, sugerir, depreciar, mas sempre à sombra da marquise, no confortável “anonimato público” que o mundo paralelo da rede propicia. Consultam o Google como se consulta um oráculo, como se lá repousasse toda a sabedoria do mundo. Pra que livros, enciclopédias, se há Google? - perguntam-se.

No livro “A Marca Humana”, de Philip Roth, um personagem fala: “As pessoas estão cada vez mais idiotas, mas cheias de opinião”. Não sei o que vem por aí, é cedo para vaticínios sombrios, mas posso antever um mundo povoado por covardes anônimos e cheios de opiniões. O sujeito se sente participando da “vida coletiva”, integrado ao mundo, quando dá sua opinião sobre o que quer que seja: a cantora que errou o “Hino Nacional”, o discurso do presidente, a contratação milionária do clube, o novo disco do velho artista, etc. Julga-se um homem de atitude se protesta contra tudo e todos em posts no blog de economia e comentários abaixo do vídeo no You Tube. Faz tudo isso no escuro, protegido por um nickname, um endereço de e-mail, uma máscara. Raivosa, mas covarde.

(Zeca Baleiro. ISTOÉ, 16 set. 2009.)

Resuma esse texto, utilizando até 10 linhas.

O trecho a seguir é adaptado de um texto escrito pelo cantor e compositor Herbert Vianna, veiculado por e-mail. Escreva uma continuação para esse trecho, concluindo-o. A continuação deve:

  • Discutir o tema na linha de argumentação definida pelo autor;

  • Apresentar uma articulação clara com as ideias iniciais;

  • Ter de 5 a 8 linhas.

Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser. Uma coisa é saúde outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é a autoimagem. Religião, é dieta. Fé, só na estética. Ritual é malhação. Amor é cafona. Sinceridade é careta. Pudor é ridículo. Sentimento é bobagem. Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode, envelhecer, não. Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação.

Eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar, correr, viver muito, ter uma aparência legal, mas ____________________________________.

Leia abaixo um trecho da entrevista do filósofo e escritor suíço Alain de Botton à revista Época. Na entrevista, De Botton discute a relação do homem com o trabalho, questão abordada no seu livro mais recente: Os Prazeres e Desprazeres do Trabalho (Ed. Rocco).

Época: Por que é tão difícil ser feliz no trabalho?

De Botton: Por diversas razões. Pode ser muito difícil saber o que você quer fazer com sua vida. Existe gente que diz “eu quero fazer algo para ajudar as outras pessoas”, mas não sabe exatamente o que fazer, nem como fazer isso. Outras pessoas dizem “quero fazer algo criativo”, mas também não sabem como. Há certo mistério para conseguir o que queremos. Há também muitos obstáculos. Qualquer empreendedor, ao abrir seu negócio, terá de superar a inércia do mercado para se estabelecer. Um indivíduo que entrou num novo emprego enfrenta um problema parecido para mostrar ao mundo que ele existe. É uma tarefa difícil, em qualquer ramo de atividade. É sempre algo extraordinário quando alguém ama o que faz - e é bonito ver isso acontecer.

(Época, 26 set. 2009, p. 114. Texto adaptado.)

Escreva um texto de 08 a 12 linhas, em discurso indireto, sintetizando essa entrevista. Seu texto deve:

  • Deixar claro que se trata de uma entrevista, indicando a fonte;

  • Explicitar a que perguntas o entrevistado respondeu.

"Entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos homens em fazer teste de DNA."

Assinale a alternativa cujo texto pode ser concluído coerentemente com essa afirmação.


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