UFPR 2006 Português - Questões

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Escreva no mínimo 8 (oito) e no máximo 12 (doze) linhas dando continuidade ao trecho abaixo, de maneira que a continuação e a conclusão propostas por você formem, com a introdução, um todo coerente.

Os programas do tipo “reality shows” parecem ter vindo para ficar, pois a cada ano surgem novas versões que continuam atingindo picos de audiência, como as várias edições do Big Brother Brasil. O ingresso do indivíduo comum e de sua realidade banal no domínio da mídia de massa tem sido alvo de diferentes posicionamentos sobre o fenômeno que se tornou conhecido como espetacularização da vida cotidiana.

Esses programas provocam reações bastante antagônicas nos telespectadores. De um lado, __________...

“As ideias eugenistas fizeram sucesso entre as elites intelectuais de boa parte do Ocidente, inclusive as brasileiras. Mas houve um país em que elas se desenvolveram primeiro, e não foi a Alemanha: foram os EUA.”

Ao dizer “e não foi a Alemanha”, o autor do texto se antecipa a uma possível conclusão do leitor. Utilizando de 4 (quatro) a 5 (cinco) linhas, apresente o fato que levaria o leitor a pensar assim e explique a relação desse fato com o tema exposto no texto Eugenia.

Observe a relação entre os dados e a conclusão no quadro abaixo.

Diminui um pouco o abismo entre negros e brancos

A diferença entre a renda da população branca e a da negra caiu, no geral, 4% dos anos 90 para cá. A constatação é do economista Maurício Cortez Reis, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que analisou a evolução dos dados populacionais desse período.

  • Em 1990, a renda dos brancos com idade entre 24 e 26 anos era 62% maior do que a dos negros. Hoje, a diferença é de 55%.

  • Em 1990, a renda dos brancos com idade entre 36 e 38 anos era 81% maior do que a dos negros. Hoje, a diferença é de 68%.

  • Em 1990, a renda dos brancos com idade entre 48 e 50 anos era 130% maior do que a dos negros. Hoje, essa diferença é de 90%.

Embora ainda seja brutal, a diferença de renda entre brancos e negros é menor entre os jovens. É sinal de que os negros estão chegando ao mercado de trabalho mais bem preparados e ocupando melhores postos.

(Veja, 21 set. 2005.)

A conclusão da revista Veja é apenas uma das possibilidades de análise dos dados sobre a relação entre a renda de brancos e negros em 1990 e 2005. Elabore uma conclusão compatível com os dados e diferente da formulada pela revista. Apresente-a em um texto de 4 (quatro) a 5 (cinco) linhas.

Faça um resumo do texto abaixo, com 12 (doze) linhas, no máximo.

Definindo teoria

A palavra "teoria" vem aparecendo bastante na mídia, em parte devido ao debate entre criacionismo e ciência. Existem usos diferentes do termo, que acabam criando confusão. No seu uso popular, o termo descreve um corpo de ideias ainda incerto, baseado em especulações não demonstradas. Teoria, para muitos, significa um corpo de hipóteses esperando ainda por confirmação. Às vezes, o uso popular do termo distancia-se ainda mais do científico, significando ideias que são meio absurdas, fora da realidade: "Ah, esse cara sempre foi um inventor de teorias, não sabe do que está falando", ou "isso aí não passa de uma teoria, provavelmente é besteira".

Teoria em ciência significa algo completamente diferente. O termo mais apropriado para uma ideia de caráter especulativo é hipótese, e não teoria. Uma hipótese é justamente uma suposição ainda não provada, aceita provisoriamente como base para investigações futuras. Por exemplo, a panspermia é uma hipótese que sugere que a vida na Terra veio de outras partes do cosmo. Não sabemos se está certa ou errada, mas podemos tentar comprová-la ou refutá-la. Já uma teoria consiste na formulação de relações ou princípios descrevendo fenômenos observados que já foi verificada, ao menos em parte. Ou seja, uma teoria não é mais uma mera hipótese, tendo já passado por testes que confirmam suas premissas.

Quando cientistas falam de uma teoria, falam de um corpo de ideias aceitas pela comunidade científica como descrições adequadas para fenômenos observados. A confirmação é por meio de observações e experimentos, o que cientistas chamam de método de validação empírica. Quanto mais sucesso tem uma teoria, maior o número de fenômenos que pode descrever. Quanto mais elegante, mais simples é.

Uma teoria de enorme sucesso em física é a teoria da gravitação universal de Newton. Ao propor que objetos com massa exercem uma força de atração mútua cuja intensidade cai com o inverso do quadrado da distância entre as massas, Newton e seus sucessores foram capazes de explicar as órbitas planetárias em torno do Sol, o fenômeno das marés, a forma oblata da Terra (achatada nos polos), o movimento de projéteis na Terra e no espaço etc. Quando a NASA lança um foguete da Terra ou o faz colidir com um cometa, a teoria usada no planejamento das missões é a de Newton. Testes em laboratórios e observações astronômicas mostram que a teoria funciona extremamente bem em distâncias que variam de décimos de milímetros até milhões de trilhões de quilômetros, a escala em que galáxias formam aglomerados atraídas por sua gravidade mútua.

Isso não significa que a teoria (ou qualquer outra) seja perfeita. Sabemos que ela deixa de ser válida quando objetos estão muito próximos de estrelas como o Sol. Correções são necessárias, no caso fornecidas pela teoria da relatividade geral de Einstein, que, em 1916, generalizou a teoria de Newton. O fato de teorias não serem perfeitas é fundamental para o progresso da ciência. Caso contrário, não nos restaria nada a fazer. E é justamente aqui o lugar da hipótese em ciência, tentando, através de ideias ainda não demonstradas, alavancar o conhecimento, desenvolver ainda mais nossas teorias. Para construir a teoria da relatividade, Einstein supôs que a velocidade da luz é sempre constante e que a matéria curva o espaço. Quando isso foi confirmado, a formulação ganhou o título de teoria. A pesquisa agora gira em torno dos limites dessa teoria e de como pode ser melhorada.

(GLEISER, Marcelo.Folha de S. Paulo, Mais!, 02 out. 2005.)

Eugenia

A eugenia surgiu sob o impacto da publicação, em 1859, de um livro que mudaria para sempre o pensamento ocidental: A Origem das Espécies, de Charles Darwin. Darwin mostrou que as espécies não são imutáveis, mas evoluem gradualmente a partir de um antepassado comum à medida que os indivíduos mais aptos vivem mais e deixam mais descendentes. Pela primeira vez, o destino do mundo estava nas mãos da natureza, e não nas de Deus.

Darwin restringiu sua teoria ao mundo natural, mas outros pensadores a adaptaram – de um jeito meio torto – às sociedades humanas. O mais destacado entre eles foi o matemático inglês Francis Galton, primo de Darwin. Em 1865, ele postulou que a hereditariedade transmitia características mentais – o que faz sentido. Mas algumas ideias de Galton eram bem mais esquisitas. Por exemplo, ele dizia que, se os membros das melhores famílias se casassem com parceiros escolhidos, poderiam gerar uma raça de homens mais capazes. A partir das palavras gregas para “bem” e “nascer”, Galton criou o termo “eugenia” para batizar essa nova teoria.

Galton se inspirou nas obras então recém-descobertas de Gregor Mendel, um monge checo morto 12 anos antes que passaria à história como fundador da genética. Ao cruzar pés de ervilhas, Mendel havia identificado características que governavam a reprodução, chamando-as de dominantes e recessivas. Quando ervilhas de casca enrugada cruzam com as de casca lisa, o descendente tende a ter casca enrugada, pois esse gene é dominante.

Os eugenistas viram na genética o argumento para justificar seu racismo. Eles interpretaram as experiências de Mendel assim: casca enrugada é uma degeneração (hoje sabe-se que estavam errados – tratava-se apenas de uma variação genética, algo ótimo para a sobrevivência). Misturar genes bons com “degenerados”, para eles, estragaria a linhagem. Para evitar isso, só mantendo a raça “pura” – e aí eles não estavam mais falando de ervilhas. O eugenista Madison Grant, do Museu Americano de História Natural, advertia em 1916: “O cruzamento entre um branco e um índio faz um índio, entre um branco e um negro faz um negro, entre um branco e um hindu faz um hindu, entre qualquer raça européia e um judeu faz um judeu”.

As ideias eugenistas fizeram sucesso entre as elites intelectuais de boa parte do Ocidente, inclusive as brasileiras. Mas houve um país em que elas se desenvolveram primeiro, e não foi a Alemanha: foram os EUA. Não tardou até que os eugenistas de lá começassem a querer transformar suas teorias em políticas públicas. “Em suas mentes, as futuras gerações dos geneticamente incapazes deveriam ser eliminadas”, diz o jornalista americano Edwin Black, autor de A Guerra contra os Fracos. A miscigenação deveria ser proibida.

(Adaptado da revista Superinteressante, jul. 2005.)

A respeito da afirmação de Madison Grant citada no texto, assinale a alternativa correta.


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