UERJ 2014 Português - Questões
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(Clara Gomes. bichinhosdejardim.com)
No diálogo das personagens da tira, há mais de uma ocorrência de paradoxo, ou seja, uma combinação de termos ou expressões que se contradizem.
O melhor exemplo de paradoxo presente na fala de Joana é:
(Clara Gomes. bichinhosdejardim.com)
Ao descrever sua criação, Joana expressa uma opinião crítica acerca das redes sociais existentes. Essa crítica é reforçada, nas falas da personagem, principalmente pelo uso de:
Não era um pássaro nem um avião. (1)
A primeira frase do texto remete às perguntas feitas por personagens que observavam intrigados o voo do Super-homem em suas muitas histórias; É um pássaro? É um avião? Não! É o Superhomem!
Essa primeira frase configura um recurso da linguagem conhecido como;
Ao longo da reportagem, observa-se o uso de uma linguagem informal, registro que estaria mais próximo do usado pelo leitor.
Um claro exemplo desse registro informal da linguagem está em;
O emplasto$\ ^{1}$
Com efeito, um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-se-me uma ideia no trapézio que eu tinha no cérebro. Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas$\ ^{2}$ de volatim$\ ^{3}$, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te.
Essa ideia era nada menos que a invenção de um medicamento sublime, um emplasto anti- hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade. Na petição$\ ^{4}$ de privilégio que então redigi, chamei a atenção do governo para esse resultado, verdadeiramente cristão. Todavia, não neguei aos amigos as vantagens pecuniárias$\ ^{5}$ que deviam resultar da distribuição de um produto de tamanhos e tão profundos efeitos. Agora, porém, que estou cá do outro lado da vida, posso confessar tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressas nos jornais, mostradores, folhetos, esquinas, e enfim nas caixinhas do remédio, estas três palavras: Emplasto Brás Cubas.Para que negá-lo? Eu tinha a paixão do arruído$\ ^{6}$, do cartaz, do foguete de lágrimas. Talvez os modestos me arguam esse defeito; fio, porém, que esse talento me hão de reconhecer os hábeis. Assim, a minha ideia trazia duas faces, como as medalhas, uma virada para o público, outra para mim. De um lado, filantropia$\ ^{7}$ e lucro; de outro lado, sede de nomeada. Digamos: - amor da glória.
Um tio meu, cônego de prebenda$\ ^{8}$ inteira, costumava dizer que o amor da glória temporal era a perdição das almas, que só devem cobiçar a glória eterna. Ao que retorquia$\ ^{9}$ outro tio, oficial de um dos antigos terços$\ ^{10}$ de infantaria, que o amor da glória era a coisa mais verdadeiramente humana que há no homem, e, conseguintemente, a sua mais genuína feição.
Decida o leitor entre o militar e o cônego; eu volto ao emplasto.
(Machado De Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Garnier, 1988.)
Glossário:
$\ ^{1}$emplasto – medicamento
$\ ^{2}$cabriolas – cambalhotas
$\ ^{3}$volatim – acrobata
$\ ^{4}$petição – documento formal de solicitação
$\ ^{5}$pecuniárias – relativo a dinheiro
$\ ^{6}$arruído – ruído, barulho
$\ ^{7}$filantropia – prática da caridade
$\ ^{8}$prebenda – ocupação rendosa de pouco trabalho
$\ ^{9}$retorquia – respondia
$\ ^{10}$terço – tropa militar
No primeiro parágrafo, o personagem Brás Cubas se refere à ideia de emplasto, não como uma abstração, mas como algo concretizado, personalizado.
Cite quatro palavras ou expressões que evidenciam a concretização da ideia do personagem.
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