UEL 2016 Geografia - Questões
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A vida em grandes metrópoles apresenta atributos que consideramos sinônimos de progresso, como facilidades de acesso aos bens de consumo, oportunidades de trabalho, lazer, serviços, educação, saúde etc. Por outro lado, em algumas delas, devido à grandiosidade dessas cidades e aos milhões de cidadãos que ali moram, existem muito mais problemas do que benefícios. Seus habitantes sabem como são complicados o trânsito, a segurança pública, a poluição, os problemas ambientais, a habitação etc. Sem dúvida, são desafios que exigem muito esforço não só dos governantes, mas também de todas as pessoas que vivem nesses lugares. Essas cidades convivem ao mesmo tempo com a ordem e o caos, com a pobreza e a riqueza, com a beleza e a feiura.
A tendência das coisas de se desordenarem espontaneamente é uma característica fundamental da natureza. Para que ocorra a organização, é necessária alguma ação que restabeleça a ordem. É o que acontece nas grandes cidades: despoluir um rio, melhorar a condição de vida dos seus habitantes e diminuir a violência, por exemplo, são tarefas que exigem muito trabalho e não acontecem espontaneamente.
Se não houver qualquer ação nesse sentido, a tendência é que prevaleça a desorganização. Em nosso cotidiano, percebemos que é mais fácil deixarmos as coisas desorganizadas do que em ordem. A ordem tem seu preço. Portanto, percebemos que há um embate constante na manutenção da vida e do universo contra a desordem. A luta contra a desorganização é travada a cada momento por nós. Por exemplo, desde o momento da nossa concepção, a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozoide, nosso organismo vai se desenvolvendo e ficando mais complexo. Partimos de uma única célula e chegamos à fase adulta com trilhões delas, especializadas para determinadas funções. Entretanto, com o passar dos anos, envelhecemos e nosso corpo não consegue mais funcionar adequadamente, ocorre uma falha fatal e morremos. O que se observa na natureza é que a manutenção da ordem é fruto da ação das forças fundamentais, que, ao interagirem com a matéria, permitem que esta se organize.
Desde a formação do nosso planeta, há cerca de $5$ bilhões de anos, a vida somente conseguiu se desenvolver às custas de transformar a energia recebida pelo Sol em uma forma útil, ou seja, capaz de manter a organização. Para tal, pagamos um preço alto: grande parte dessa energia é perdida, principalmente na forma de calor. Dessa forma, para que existamos, pagamos o preço de aumentar a desorganização do nosso planeta. Quando o Sol não puder mais fornecer essa energia, dentro de mais $5$ bilhões de anos, não existirá mais vida na Terra. Com certeza a espécie humana já terá sido extinta muito antes disso.
(Adaptado de: OLIVEIRA, A. O Caos e a Ordem. Ciência Hoje. Disponível em:
Os rios, lagos e oceanos sofrem constantemente ações humanas que acarretam problemas socioambientais. Com base nos conhecimentos sobre hidrografia, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.
($\quad$) A contaminação por excesso de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, provenientes do escoamento da agricultura, e por lançamento de esgoto e resíduos industriais, tornou-se problema comum na qualidade da água em todo o planeta.
($\quad$) O Brasil possui lagos tectônicos, e seus rios de planície são os mais propícios para a construção de hidrelétricas, pois possuem quedas d’água e diminuem os danos ambientais com o alagamento da área.
($\quad$) Os processos de irrigação da agricultura que demandam água em excesso são fundamentais no manejo sustentável das águas subterrâneas, por dificultarem que os contaminantes atinjam os aquíferos.
($\quad$) O processo de assoreamento de lagos, represas ou zona portuária com sedimentos, provenientes de alterações na bacia hidrográfica, pode comprometer a navegação, o abastecimento de água e a produção de hidroeletricidade.
($\quad$) Os rios possuem um leito menor e outro maior. A ocupação do leito maior pelos seres humanos potencializa os impactos das enchentes, gerando grandes prejuízos à população, tanto materiais, quanto de saúde pública.
Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.
Figura 1: Eduardo Kac, GFP Bunny, 2000
Leia o texto a seguir.
A intensidade de risco é certamente o elemento básico e ameaçador das circunstâncias em que vivemos hoje. A possibilidade de guerra nuclear, calamidade ecológica, problemas ambientais, explosão populacional incontrolável, crises financeiras mundiais, guerras preventivas, terrorismo e outras catástrofes globais potenciais fornecem um horizonte inquietante de perigos para todos. Como Ulrich Beck comentou, riscos globalizados deste tipo não respeitam divisões entre ricos e pobres. O fato de que “Chernobyl está em toda parte” explica claramente o fim das fronteiras entre os que são privilegiados e os que não são. A intensidade de certos tipos de risco transcende todos os diferenciais sociais e econômicos.
(Adaptado de: GIDDENS, A. As Consequências da Modernidade. São Paulo: Editora da Universidade Paulista, 1991. p.127-128.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a sociedade de risco na atual modernidade, considere as afirmativas a seguir.
I. Nas sociedades e nações guiadas por uma economia de desenvolvimento científico-tecnológico, o debate sobre as lutas de classes é substituído pela preocupação do gerenciamento dos riscos ambientais globais, que ultrapassam as fronteiras dos estados nacionais.
II. Nas sociedades atuais, com o aprofundamento da modernidade, desencaixam-se as instituições e os sistemas sociais que garantiam a segurança e a ordem, fragilizam-se os pilares do Estado de bem-estar social e criam-se ambientes de risco global.
III. Os riscos globais, originados pelas crises ambientais, reduzem a reflexividade e as oportunidades de criação de organizações coletivas que demonstram a falibilidade da ciência, a exemplo dos movimentos que politizam a questão do meio ambiente e da ecologia.
IV. As sociedades em desenvolvimento protegem-se das ameaças e dos perigos provocados pela alta intensidade de riscos globais, devido à distância dos conflitos entre as nações centrais mais desenvolvidas.
Assinale a alternativa correta.
Um dos principais impactos das mudanças ambientais globais é o aumento da frequência e da intensidade de fenômenos extremos, que quando atingem áreas ou regiões habitadas pelo homem, causam danos. Responsáveis por perdas significativas de caráter social, econômico e ambiental, os desastres naturais são geralmente associados a terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas, furacões, tornados, temporais, estiagens severas, ondas de calor etc.
(Disponível em:
Com relação aos eventos atmosféricos ocorridos em Xanxerê (SC) e Francisco Beltrão (PR), em 2015, assinale a alternativa correta.
Texto III
A sociedade contemporânea convive com os riscos produzidos por ela mesma e com a frustração de, muitas vezes, não saber distinguir entre catástrofes que possuem causas essencialmente naturais e aquelas ocasionais a partir da relação que o homem trava com a natureza. Os custos ambientais e humanos do desenvolvimento da técnica, da ciência e da indústria passam a ser questionados a partir de desastres contemporâneos como AIDS, Chernobyl, aquecimento global, contaminação da água e de alimentos pelos agrotóxicos, entre outros.
(Adaptado de: LIMA, M. L. M. A ciência, a crise ambiental e a sociedade de risco. Senatus. v.4.v n.1. nov. 2005. p.42-47.)
Aziz Ab’Sáber identificou seis domínios morfoclimáticos e fitogeográficos no Brasil – Amazônico, Cerrado, Mares de Morros, Caatingas, Araucárias e Pradarias – que apresentam fortes processos de atuação humana, modificando o espaço e inserindo outras práticas, principalmente a agrícola, nessas áreas, quebrando a harmonia presente. O mapa a seguir apresenta a localização desses domínios.
(AB’SÁBER, A. N. Os Domínios de Natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. p.17.)
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a definição de domínio morfoclimático e fitogeográfico para Ab’Sáber.
Texto IV
O levantamento sobre a dengue no Brasil tem como objetivo orientar as ações de controle, que possibilitam aos gestores locais de saúde antecipar as prevenções a fim de minimizar o caos gerado por uma epidemia. O Ministério da Saúde registrou $87$ mil notificações de casos de dengue entre janeiro e fevereiro de $2014$, contra $427$ mil no mesmo período em $2013$. Apesar do resultado expressivo de diminuição da doença, o Ministério da Saúde ressalta a importância de serem mantidos o alerta e a continuidade das ações preventivas. Os principais criadouros em $2014$ são apresentados na tabela a seguir.
Adaptado de: BVS Ministério da Saúde. Disponível em:
Com base no texto IV, na tabela e nos conhecimentos sobre a transmissão da dengue nas regiões do Brasil, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.
($\quad$) Na região Nordeste, o lixo exerce menor impacto como espaço de desenvolvimento da doença, devido à dificuldade de acesso da população aos bens de consumo.
($\quad$) Apesar de o bioma Amazônico, com extensa bacia hidrográfica, estar localizado na região Norte, uma das causas da proliferação da doença é o lixo, devido ao desequilíbrio ambiental que diminuiu os predadores do mosquito.
($\quad$) Apesar das campanhas públicas de controle dos focos do mosquito, os depósitos domiciliares ainda possuem alto índice na região Sudeste.
($\quad$) Na região Sul, o lixo constitui o principal criadouro do Aedes aegypti, em decorrência da facilidade de acesso da população aos bens de consumo e da insuficiente política de educação ambiental.
($\quad$) Os baixos índices dos depósitos domiciliares como criadouros da doença nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste significam a resposta positiva destas populações às campanhas preventivas.
Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.
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