UEL 2016 Filosofia - Questões

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Leia o texto a seguir.

A intervenção genética poderia prejudicar a consciência de autonomia do indivíduo, nomeadamente aquela autocompreensão moral que se deve esperar de todo membro de uma comunidade de direito, estruturada pela igualdade e pela liberdade, quando eles têm as mesmas chances de fazer uso de direitos subjetivos igualmente distribuídos. Portanto, o prejuízo que pode surgir não se situa no nível de uma privação de direitos. Ele consiste, antes, na insegurança que um portador de direitos civis sente em relação à consciência de seu próprio status. Pessoas programadas não podem mais se considerar como autores únicos de sua própria história de vida, pois, em relação às gerações que as precederam, elas não podem mais se considerar ilimitadamente como pessoas nascidas sob iguais condições.

(Adaptado de: HABERMAS, J. O futuro da natureza humana. A caminho de uma eugenia liberal? 2.ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010, p.107-108.)

A intervenção genética possibilita uma reflexão sobre a mudança de compreensão da natureza humana tradicionalmente concebida como permanente.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre ética em Jürgen Habermas, considere as afirmativas a seguir.

  1. I. A complexidade da decisão moral, no caso da intervenção genética, dificulta a aplicabilidade do modelo da ética discursiva, que prevê que o acordo entre os concernidos é conquistado pelo diálogo público, isto porque um dos concernidos – no caso, a potencial pessoa em que o embrião se tornaria – ficaria excluído do debate argumentativo.

  2. II. A tendência contemporânea que defende a autonomia da pesquisa, principalmente a partir dos avanços da biotecnologia, em geral, e da intervenção genética, em particular, suscita a necessidade de recorrer a uma regulamentação jurídica que possa garantir o direito a uma herança genética isenta de manipulação.

  3. III. As questões acerca dos benefícios ou malefícios advindos da aplicação da pesquisa genética são respondidas a partir da superioridade hierárquica do saber da ciência em relação aos valores éticos vigentes, no sentido de que o conhecimento científico está suficientemente legitimado para impor princípios materiais objetivos.

  4. IV. Os possíveis dilemas da programação genética encontram respostas suficientemente satisfatórias ao fazer uso da igualdade existente entre o reino do discurso e o da ação, representado pela discussão política dos conselhos públicos, e o da necessidade e do trabalho, representado pela racionalidade estratégica da técnica moderna.

Assinale a alternativa correta.


Leia o texto a seguir.

Popper negava a afirmação positivista de que os cientistas podem provar uma teoria por indução, ou por testes empíricos ou por observações sucessivas. Segundo ele, nunca se sabe se as observações foram suficientes, pois a observação seguinte pode contradizer tudo o que a precedeu.

(Adaptado de: HORGAN, J. O Fim da Filosofia. In. HORGAN, J. O Fim da Ciência. Uma discussão sobre os limites do conhecimento científico. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p.50.)

Com base no texto e nos conhecimentos acerca da crítica de Karl Popper à concepção positivista de ciência, considere as afirmativas a seguir.

  1. I. Popper critica os positivistas por almejarem a aniquilação da metafísica e também por entenderem que o propósito da ciência era alcançar enunciados certos e verdadeiros.

  2. II. Popper, assim como os positivistas, acredita que a verificabilidade é o critério de demarcação de um sistema científico.

  3. III. Popper sustenta que, para os positivistas, a característica distintiva dos enunciados empíricos é a possibilidade de serem suscetíveis de revisão, isto é, serem criticados e substituídos por enunciados mais adequados.

  4. IV. Para Popper, contrariamente aos positivistas, as observações são incapazes de provar uma teoria; elas só podem refutá-la.

Assinale a alternativa correta.


Texto III

A sociedade contemporânea convive com os riscos produzidos por ela mesma e com a frustração de, muitas vezes, não saber distinguir entre catástrofes que possuem causas essencialmente naturais e aquelas ocasionais a partir da relação que o homem trava com a natureza. Os custos ambientais e humanos do desenvolvimento da técnica, da ciência e da indústria passam a ser questionados a partir de desastres contemporâneos como AIDS, Chernobyl, aquecimento global, contaminação da água e de alimentos pelos agrotóxicos, entre outros.

(Adaptado de: LIMA, M. L. M. A ciência, a crise ambiental e a sociedade de risco. Senatus. v.4.v n.1. nov. 2005. p.42-47.)

Leia o texto a seguir.

O mito converte-se em esclarecimento e a natureza em mera objetividade. O preço que os homens pagam pelo aumento de seu poder é a alienação daquilo sobre o que exercem o poder. O esclarecimento comporta-se com as coisas como o ditador se comporta com os homens. Este os conhece na medida em que pode manipulá- -los. O homem de ciência conhece as coisas na medida em que pode fazê-las. É assim que seu em-si torna para- -ele. Nessa metamorfose, a essência das coisas revela-se como sempre a mesma, como substrato de dominação.

(ADORNO; HORKHEIMER. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p.21.)

O uso da razão para fins irracionais criou, principalmente no século XX, uma desconfiança crônica a respeito da sua natureza e dos seus usos. Com base nos conhecimentos sobre a racionalidade instrumental presente no texto, assinale a alternativa correta.


Texto VI

A conexão que Pitágoras estabeleceu entre a Música e a Matemática foi absorvida pelo espírito grego. Nessa fonte, alimentam-se novos conhecimentos normativos, que banham todos os domínios da existência entre os gregos. Um momento decisivo é a nova concepção da estrutura da música. A harmonia exprime a relação das partes com o todo. Está nela implícito o conceito matemático de proporção que o pensamento grego figura em forma geométrica e intuitiva. A harmonia do mundo é um conceito complexo em que estão compreendidas a representação da bela combinação dos sons no sentido musical e a do rigor do número, a regularidade geométrica e a articulação tectônica. A ideia grega de harmonia abrange a arquitetura, a poesia e a retórica, a religião e a ética.

(Adaptado de: JAEGER, W.Paideia: a formação do homem grego. 4.ed. SãoPaulo: Martins Fontes, 2001, p.207.)

Com base no texto VI e nos conhecimentos sobre o surgimento da filosofia e dos primeiros filósofos, assinale a alternativa correta.


Figura 4

Peter Bruegel, O Velho – “Pequena” Torre de Babel $60,0\ \text{cm} \times 74,5\ \text{cm}$, óleo sobre tela, 1563

Figura 5

Cildo Meireles, Babel, instalação, 2001-2006

A imagem de um edifício alude à existência de uma estrutura ordenada. De modo análogo, a compreensão e a explicação sobre a organização de uma sociedade também podem invocar o tema da ordem e sua antítese, o caos, como, por exemplo, as questões relativas à harmonização social e às revoluções. No caso da teoria de Karl Marx, a metáfora espacial de um edifício é utilizada para exemplificar seu entendimento sobre a dinâmica dialética da sociedade.

Com base nos conhecimentos sobre Karl Marx a respeito das relações entre infraestrutura e superestrutura, assinale a alternativa correta.


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