Questões UEL 2004 Sociologia

01 UEL 2004 - Sociologia

A Agenda 21 é o principal documento da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, da qual são signatários cerca de 170 países, entre eles o Brasil. Trata-se de uma proposta de desenvolvimento sustentável calcada em um planejamento do futuro com ações de curto, médio e longo prazo, inclusive definindo recursos e responsabilidades. Contudo, o não cumprimento da Convenção sobre Mudanças Climáticas, que previa o congelamento das emissões atmosféricas aos níveis de 1990, é uma das evidências do pequeno avanço na implementação da Agenda 21. Durante a Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável ocorrida em Johannesburgo em 2002, a falta de engajamento dos países ricos foi notável, apesar desses serem responsáveis por aproximadamente 82% das emissões que causam o efeito estufa. Os Estados Unidos, que respondem por 29% dessas emissões, recusaram-se a assinar o Protocolo de Kyoto.

Nos últimos anos, a degradação ambiental tem suscitado amplos debates, como os contemplados na Agenda 21. No passado, o olhar e a percepção sobre a natureza estavam voltados para uma outra preocupação, a de seu desvendamento. Isso ocorre, por exemplo, com o surgimento de uma nova visão sobre o mar. Segundo Alain Corbin, o europeu passa a olhar o mar como um espaço alternativo de sociabilidade e lazer. Sobre o assunto, leia o texto a seguir.

“Mais ainda que o campo, [...] o oceano representa a natureza irrefutável que está além do cenário [...] Assim se esboça o paradoxo sobre o qual se funda a moda da praia: o mar se faz refúgio, causa esperança porque causa medo. Esperança de gozá-lo, de experimentar o terror que inspira [...] Doravante, espera-se do mar que acalme as ansiedades da elite, que restabeleça a harmonia do corpo e da alma, que estanque a perda de energia vital de uma classe social que se sente particularmente ameaçada em suas crianças, suas raparigas, suas mulheres, seus pensadores.”

(CORBIN, Alain. O território do vazio: a praia e o imaginário ocidental. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p.74.)

Com base na argumentação do autor, é correto afirmar:

A condição para as elites europeias obterem a energia vital do mar está dissociada de sua capacidade de dominar o terror que o mar inspira.

A relação da elite europeia com as paisagens litorâneas limitou-se em aliviar suas ansiedades e mostrou-se incapaz de construir novas sensibilidades e práticas de visibilidade social.

A moda da praia entre as elites europeias reflete a crença numa natureza reparadora, simbolizando a busca pela superação dos males da civilização urbana.

Ao suscitar medo, a paisagem litorânea foi desconsiderada como espaço de sociabilidade, tornando-se refúgio dos pensadores que sugavam a energia vital da elite europeia.

O interesse pelo mar se inscreve na disposição da elite europeia de se curvar à relação harmoniosa com as demais classes, superando o paradoxo da dominação social.

02 UEL 2004 - Sociologia

“Gilberto Velho estuda o uso de tóxicos e se pergunta até que ponto essa atividade social estabelece fronteiras na sociedade. Mas, como pondera o autor, o consumo de drogas deve ser visto como ponto de partida para uma análise – essa sim fundamental – sobre o etos associado ao comportamento considerado desviante: ‘O tóxico só pode ser compreendido contextualmente’, no interior de uma rede de relações sociais que comporta, além de uma circunscrição sociológica, laços afetivos e o desenvolvimento de certos padrões emocionais.”

(GREGORI, Maria Filomena. Boêmios e surfistas. Folha de S. Paulo, São Paulo, 11 jul. 1998. Jornal de Resenhas, p. 2.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar:

O consumo de drogas caracteriza uma conduta vista socialmente como desviante.

Estudos sobre o consumo de drogas devem ser circunscritos às análises sobre a desigualdade social.

O consumo de drogas é um comportamento cabalmente aceito nas sociedades contemporâneas.

O consumo de drogas decorre do estabelecimento de fronteiras sociais entre os indivíduos.

A prática do uso de drogas, numa perspectiva cultural, é pouco relevante no contexto atual.

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