CN 2009 Português - Questões
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As lições de outros escritores
Pode parecer um lugar-comum, mas é verdade verdadeira: a única arma que se pode usar para aprender a escrever melhor, é ler, ler muito. As lições que se tiram dos textos dos escritores que vieram antes de nós são inúmeras e valem a pena.
O escritor iniciante, por mais talento que tenha, se depara com obstáculos que parecem intransponíveis. Até mais do que no futebol, a inexperiência torna os movimentos desarticulados, faz o praticante gastar esforços inúteis, deixa-o sem ação diante dos problemas. Muito disso pode ser evitado com o uso recorrente da leitura.[...] Ler, ler muito, ensina alguns truques do ofício de escritor. Por isso é que todo escritor profissional já revelou que lê muito. [...]
Num mundo marcado pela correria, algumas pessoas acham que a leitura ê uma ocupação ultrapassada, que demanda tempo demais. É besteira, claro. Ainda mais quem deseja escrever para ser lido.
[...] A primeira pergunta que se faz é: tudo bem, deve- se ler, mas o quê? A resposta é fácil: leia o que gosta. Devemos deixar de lado os livros que podem chatear, por importantes que sejam. Se já se tem um gênero planejado, melhor ainda. Digamos que alguém queira escrever romances de fundo social. Leiam-se, então, livros do gênero que se pretende explorar, verificando neles o que funciona e o que não funciona. Precisa-se analisar o autor, a forma com que ele escreve, como ele desenvolve a ação, constrói os personagens, arma os diálogos, usa o cenário e o tempo, sobretudo como ele transmite sua mensagem.
Todo mundo precisa ler, mas os escritores devem ler. Sobretudo os livros certos. [...] O enfrentamento e a absorção de um livro são coisas extremamente subjetivas. Assim, se um amigo recomendar determinado romance que, além de tudo, está nas listas de best-sellers, talvez seja muito chato para nós. Da mesma forma, se um clássico como Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, se impõe â nossa leitura como um clássico unânime, pode-se achar impossível se interessar por esse mundo e por esses personagens. Não se deve envergonhar. Deixemo-lo de lado e partamos para outro livro. Algum dia se descobrirão os encantos de Guimarães Rosa. E nem sempre o que é clássico incontestável é o livro indicado para o momento. Pode acontecer também que se descubra, meio por acaso, outro clássico: começamos a lê-lo e nos empolgamos, descobrindo o prazer que há em avançar por ele, um livro que nunca abordamos, porque era venerado pela crítica e nos deixava um tanto receosos de enfrentá-lo.[...]
Como escritor em processo, tem-se de ler de um modo diferente. Há quem goste de sublinhar frases ou trechos significativos. É útil também para destacar metáforas ou comparações espertas. Ou ainda para realçar ideias que admiramos, detestamos ou imaginamos que merecem uma reflexão posterior. Como artesão da escrita, deve-se ler e procurar sempre no dicionário uma palavra que não se conheça, incorporando-a em nosso repertório. Afinal, não estamos só lendo um texto como um leitor comum; queremos entender como o escritor fez aquilo. Às vezes, apenas sublinhar não basta. O comentário que surgiu na sua mente deve ser escrito, para não ser esquecida essa primeira impressão.
Se o texto nos impressionou e se ele se ajusta ao que pretendemos escrever, façamos mais um esforço. Leiamo-lo de novo, depois de saber o que vai acontecer na ação ou quais ideias serão discutidas. Perceber-se-ão com mais clareza os métodos do escritor e, se for o caso, entenderemos melhor o que ficou confuso na primeira leitura.
Na ficção, ainda se pode ver melhor nessa segunda leitura se o personagem tem coerência, ou se poderia ser dispensado da trama. A leitura estimula o pensamento e pode nos tornar mais sensíveis ao que vamos escrever. Com o primeiro rascunho pronto, começa-se a editar. Ou seja, deve-se ler e reler cada palavra e ver se ela está encaixando no todo, até mesmo se está escrita corretamente. Começa-se a encarar melhor o texto, como se fosse escrito por outra pessoa. E se houver dificuldades em entender alguma coisa ou em achar lógico um ou outro desenvolvimento do texto, lembremo-nos de que outras pessoas - os nossos leitores - também terão.
FERRAZ, Geraldo Galvão. In: Revista Língua Portuguesa - Ano III, Nº28, 2008 - adaptado.
Leia o trecho a seguir.
"Perceber-se-ão com mais clareza os métodos do escritor e, se for o caso, entenderemos melhor o que ficou confuso na primeira leitura." (7º §)
Assinale a opção em que a palavra SE pertence às mesmas categorias gramaticais destacadas no trecho acima, independente da ordem em que aparecem.
As lições de outros escritores
Pode parecer um lugar-comum, mas é verdade verdadeira: a única arma que se pode usar para aprender a escrever melhor, é ler, ler muito. As lições que se tiram dos textos dos escritores que vieram antes de nós são inúmeras e valem a pena.
O escritor iniciante, por mais talento que tenha, se depara com obstáculos que parecem intransponíveis. Até mais do que no futebol, a inexperiência torna os movimentos desarticulados, faz o praticante gastar esforços inúteis, deixa-o sem ação diante dos problemas. Muito disso pode ser evitado com o uso recorrente da leitura.[...] Ler, ler muito, ensina alguns truques do ofício de escritor. Por isso é que todo escritor profissional já revelou que lê muito. [...]
Num mundo marcado pela correria, algumas pessoas acham que a leitura ê uma ocupação ultrapassada, que demanda tempo demais. É besteira, claro. Ainda mais quem deseja escrever para ser lido.
[...] A primeira pergunta que se faz é: tudo bem, deve- se ler, mas o quê? A resposta é fácil: leia o que gosta. Devemos deixar de lado os livros que podem chatear, por importantes que sejam. Se já se tem um gênero planejado, melhor ainda. Digamos que alguém queira escrever romances de fundo social. Leiam-se, então, livros do gênero que se pretende explorar, verificando neles o que funciona e o que não funciona. Precisa-se analisar o autor, a forma com que ele escreve, como ele desenvolve a ação, constrói os personagens, arma os diálogos, usa o cenário e o tempo, sobretudo como ele transmite sua mensagem.
Todo mundo precisa ler, mas os escritores devem ler. Sobretudo os livros certos. [...] O enfrentamento e a absorção de um livro são coisas extremamente subjetivas. Assim, se um amigo recomendar determinado romance que, além de tudo, está nas listas de best-sellers, talvez seja muito chato para nós. Da mesma forma, se um clássico como Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, se impõe â nossa leitura como um clássico unânime, pode-se achar impossível se interessar por esse mundo e por esses personagens. Não se deve envergonhar. Deixemo-lo de lado e partamos para outro livro. Algum dia se descobrirão os encantos de Guimarães Rosa. E nem sempre o que é clássico incontestável é o livro indicado para o momento. Pode acontecer também que se descubra, meio por acaso, outro clássico: começamos a lê-lo e nos empolgamos, descobrindo o prazer que há em avançar por ele, um livro que nunca abordamos, porque era venerado pela crítica e nos deixava um tanto receosos de enfrentá-lo.[...]
Como escritor em processo, tem-se de ler de um modo diferente. Há quem goste de sublinhar frases ou trechos significativos. É útil também para destacar metáforas ou comparações espertas. Ou ainda para realçar ideias que admiramos, detestamos ou imaginamos que merecem uma reflexão posterior. Como artesão da escrita, deve-se ler e procurar sempre no dicionário uma palavra que não se conheça, incorporando-a em nosso repertório. Afinal, não estamos só lendo um texto como um leitor comum; queremos entender como o escritor fez aquilo. Às vezes, apenas sublinhar não basta. O comentário que surgiu na sua mente deve ser escrito, para não ser esquecida essa primeira impressão.
Se o texto nos impressionou e se ele se ajusta ao que pretendemos escrever, façamos mais um esforço. Leiamo-lo de novo, depois de saber o que vai acontecer na ação ou quais ideias serão discutidas. Perceber-se-ão com mais clareza os métodos do escritor e, se for o caso, entenderemos melhor o que ficou confuso na primeira leitura.
Na ficção, ainda se pode ver melhor nessa segunda leitura se o personagem tem coerência, ou se poderia ser dispensado da trama. A leitura estimula o pensamento e pode nos tornar mais sensíveis ao que vamos escrever. Com o primeiro rascunho pronto, começa-se a editar. Ou seja, deve-se ler e reler cada palavra e ver se ela está encaixando no todo, até mesmo se está escrita corretamente. Começa-se a encarar melhor o texto, como se fosse escrito por outra pessoa. E se houver dificuldades em entender alguma coisa ou em achar lógico um ou outro desenvolvimento do texto, lembremo-nos de que outras pessoas - os nossos leitores - também terão.
FERRAZ, Geraldo Galvão. In: Revista Língua Portuguesa - Ano III, Nº28, 2008 - adaptado.
Assinale a opção em que o trecho confirma, na visão do autor, o aspecto subjetivo no processo de leitura/escrita.
As lições de outros escritores
Pode parecer um lugar-comum, mas é verdade verdadeira: a única arma que se pode usar para aprender a escrever melhor, é ler, ler muito. As lições que se tiram dos textos dos escritores que vieram antes de nós são inúmeras e valem a pena.
O escritor iniciante, por mais talento que tenha, se depara com obstáculos que parecem intransponíveis. Até mais do que no futebol, a inexperiência torna os movimentos desarticulados, faz o praticante gastar esforços inúteis, deixa-o sem ação diante dos problemas. Muito disso pode ser evitado com o uso recorrente da leitura.[...] Ler, ler muito, ensina alguns truques do ofício de escritor. Por isso é que todo escritor profissional já revelou que lê muito. [...]
Num mundo marcado pela correria, algumas pessoas acham que a leitura ê uma ocupação ultrapassada, que demanda tempo demais. É besteira, claro. Ainda mais quem deseja escrever para ser lido.
[...] A primeira pergunta que se faz é: tudo bem, deve- se ler, mas o quê? A resposta é fácil: leia o que gosta. Devemos deixar de lado os livros que podem chatear, por importantes que sejam. Se já se tem um gênero planejado, melhor ainda. Digamos que alguém queira escrever romances de fundo social. Leiam-se, então, livros do gênero que se pretende explorar, verificando neles o que funciona e o que não funciona. Precisa-se analisar o autor, a forma com que ele escreve, como ele desenvolve a ação, constrói os personagens, arma os diálogos, usa o cenário e o tempo, sobretudo como ele transmite sua mensagem.
Todo mundo precisa ler, mas os escritores devem ler. Sobretudo os livros certos. [...] O enfrentamento e a absorção de um livro são coisas extremamente subjetivas. Assim, se um amigo recomendar determinado romance que, além de tudo, está nas listas de best-sellers, talvez seja muito chato para nós. Da mesma forma, se um clássico como Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, se impõe â nossa leitura como um clássico unânime, pode-se achar impossível se interessar por esse mundo e por esses personagens. Não se deve envergonhar. Deixemo-lo de lado e partamos para outro livro. Algum dia se descobrirão os encantos de Guimarães Rosa. E nem sempre o que é clássico incontestável é o livro indicado para o momento. Pode acontecer também que se descubra, meio por acaso, outro clássico: começamos a lê-lo e nos empolgamos, descobrindo o prazer que há em avançar por ele, um livro que nunca abordamos, porque era venerado pela crítica e nos deixava um tanto receosos de enfrentá-lo.[...]
Como escritor em processo, tem-se de ler de um modo diferente. Há quem goste de sublinhar frases ou trechos significativos. É útil também para destacar metáforas ou comparações espertas. Ou ainda para realçar ideias que admiramos, detestamos ou imaginamos que merecem uma reflexão posterior. Como artesão da escrita, deve-se ler e procurar sempre no dicionário uma palavra que não se conheça, incorporando-a em nosso repertório. Afinal, não estamos só lendo um texto como um leitor comum; queremos entender como o escritor fez aquilo. Às vezes, apenas sublinhar não basta. O comentário que surgiu na sua mente deve ser escrito, para não ser esquecida essa primeira impressão.
Se o texto nos impressionou e se ele se ajusta ao que pretendemos escrever, façamos mais um esforço. Leiamo-lo de novo, depois de saber o que vai acontecer na ação ou quais ideias serão discutidas. Perceber-se-ão com mais clareza os métodos do escritor e, se for o caso, entenderemos melhor o que ficou confuso na primeira leitura.
Na ficção, ainda se pode ver melhor nessa segunda leitura se o personagem tem coerência, ou se poderia ser dispensado da trama. A leitura estimula o pensamento e pode nos tornar mais sensíveis ao que vamos escrever. Com o primeiro rascunho pronto, começa-se a editar. Ou seja, deve-se ler e reler cada palavra e ver se ela está encaixando no todo, até mesmo se está escrita corretamente. Começa-se a encarar melhor o texto, como se fosse escrito por outra pessoa. E se houver dificuldades em entender alguma coisa ou em achar lógico um ou outro desenvolvimento do texto, lembremo-nos de que outras pessoas - os nossos leitores - também terão.
FERRAZ, Geraldo Galvão. In: Revista Língua Portuguesa - Ano III, Nº28, 2008 - adaptado.
Os sinais de pontuação marcam, na escrita, as diferenças de entonação, contribuindo para tornar mais preciso o sentido que se quer dar ao texto. Com relação ao emprego dos sinais de pontuação no texto, é correto afirmar que
As lições de outros escritores
Pode parecer um lugar-comum, mas é verdade verdadeira: a única arma que se pode usar para aprender a escrever melhor, é ler, ler muito. As lições que se tiram dos textos dos escritores que vieram antes de nós são inúmeras e valem a pena.
O escritor iniciante, por mais talento que tenha, se depara com obstáculos que parecem intransponíveis. Até mais do que no futebol, a inexperiência torna os movimentos desarticulados, faz o praticante gastar esforços inúteis, deixa-o sem ação diante dos problemas. Muito disso pode ser evitado com o uso recorrente da leitura.[...] Ler, ler muito, ensina alguns truques do ofício de escritor. Por isso é que todo escritor profissional já revelou que lê muito. [...]
Num mundo marcado pela correria, algumas pessoas acham que a leitura ê uma ocupação ultrapassada, que demanda tempo demais. É besteira, claro. Ainda mais quem deseja escrever para ser lido.
[...] A primeira pergunta que se faz é: tudo bem, deve- se ler, mas o quê? A resposta é fácil: leia o que gosta. Devemos deixar de lado os livros que podem chatear, por importantes que sejam. Se já se tem um gênero planejado, melhor ainda. Digamos que alguém queira escrever romances de fundo social. Leiam-se, então, livros do gênero que se pretende explorar, verificando neles o que funciona e o que não funciona. Precisa-se analisar o autor, a forma com que ele escreve, como ele desenvolve a ação, constrói os personagens, arma os diálogos, usa o cenário e o tempo, sobretudo como ele transmite sua mensagem.
Todo mundo precisa ler, mas os escritores devem ler. Sobretudo os livros certos. [...] O enfrentamento e a absorção de um livro são coisas extremamente subjetivas. Assim, se um amigo recomendar determinado romance que, além de tudo, está nas listas de best-sellers, talvez seja muito chato para nós. Da mesma forma, se um clássico como Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, se impõe â nossa leitura como um clássico unânime, pode-se achar impossível se interessar por esse mundo e por esses personagens. Não se deve envergonhar. Deixemo-lo de lado e partamos para outro livro. Algum dia se descobrirão os encantos de Guimarães Rosa. E nem sempre o que é clássico incontestável é o livro indicado para o momento. Pode acontecer também que se descubra, meio por acaso, outro clássico: começamos a lê-lo e nos empolgamos, descobrindo o prazer que há em avançar por ele, um livro que nunca abordamos, porque era venerado pela crítica e nos deixava um tanto receosos de enfrentá-lo.[...]
Como escritor em processo, tem-se de ler de um modo diferente. Há quem goste de sublinhar frases ou trechos significativos. É útil também para destacar metáforas ou comparações espertas. Ou ainda para realçar ideias que admiramos, detestamos ou imaginamos que merecem uma reflexão posterior. Como artesão da escrita, deve-se ler e procurar sempre no dicionário uma palavra que não se conheça, incorporando-a em nosso repertório. Afinal, não estamos só lendo um texto como um leitor comum; queremos entender como o escritor fez aquilo. Às vezes, apenas sublinhar não basta. O comentário que surgiu na sua mente deve ser escrito, para não ser esquecida essa primeira impressão.
Se o texto nos impressionou e se ele se ajusta ao que pretendemos escrever, façamos mais um esforço. Leiamo-lo de novo, depois de saber o que vai acontecer na ação ou quais ideias serão discutidas. Perceber-se-ão com mais clareza os métodos do escritor e, se for o caso, entenderemos melhor o que ficou confuso na primeira leitura.
Na ficção, ainda se pode ver melhor nessa segunda leitura se o personagem tem coerência, ou se poderia ser dispensado da trama. A leitura estimula o pensamento e pode nos tornar mais sensíveis ao que vamos escrever. Com o primeiro rascunho pronto, começa-se a editar. Ou seja, deve-se ler e reler cada palavra e ver se ela está encaixando no todo, até mesmo se está escrita corretamente. Começa-se a encarar melhor o texto, como se fosse escrito por outra pessoa. E se houver dificuldades em entender alguma coisa ou em achar lógico um ou outro desenvolvimento do texto, lembremo-nos de que outras pessoas - os nossos leitores - também terão.
FERRAZ, Geraldo Galvão. In: Revista Língua Portuguesa - Ano III, Nº28, 2008 - adaptado.
Assinale a opção em que, pelo contexto, a locução verbal destacada denota uma ideia diferente da que ocorre em "A primeira pergunta que se faz é: tudo bem, deve-se ler, mas o quê?" (4º §)
As lições de outros escritores
Pode parecer um lugar-comum, mas é verdade verdadeira: a única arma que se pode usar para aprender a escrever melhor, é ler, ler muito. As lições que se tiram dos textos dos escritores que vieram antes de nós são inúmeras e valem a pena.
O escritor iniciante, por mais talento que tenha, se depara com obstáculos que parecem intransponíveis. Até mais do que no futebol, a inexperiência torna os movimentos desarticulados, faz o praticante gastar esforços inúteis, deixa-o sem ação diante dos problemas. Muito disso pode ser evitado com o uso recorrente da leitura.[...] Ler, ler muito, ensina alguns truques do ofício de escritor. Por isso é que todo escritor profissional já revelou que lê muito. [...]
Num mundo marcado pela correria, algumas pessoas acham que a leitura ê uma ocupação ultrapassada, que demanda tempo demais. É besteira, claro. Ainda mais quem deseja escrever para ser lido.
[...] A primeira pergunta que se faz é: tudo bem, deve- se ler, mas o quê? A resposta é fácil: leia o que gosta. Devemos deixar de lado os livros que podem chatear, por importantes que sejam. Se já se tem um gênero planejado, melhor ainda. Digamos que alguém queira escrever romances de fundo social. Leiam-se, então, livros do gênero que se pretende explorar, verificando neles o que funciona e o que não funciona. Precisa-se analisar o autor, a forma com que ele escreve, como ele desenvolve a ação, constrói os personagens, arma os diálogos, usa o cenário e o tempo, sobretudo como ele transmite sua mensagem.
Todo mundo precisa ler, mas os escritores devem ler. Sobretudo os livros certos. [...] O enfrentamento e a absorção de um livro são coisas extremamente subjetivas. Assim, se um amigo recomendar determinado romance que, além de tudo, está nas listas de best-sellers, talvez seja muito chato para nós. Da mesma forma, se um clássico como Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, se impõe â nossa leitura como um clássico unânime, pode-se achar impossível se interessar por esse mundo e por esses personagens. Não se deve envergonhar. Deixemo-lo de lado e partamos para outro livro. Algum dia se descobrirão os encantos de Guimarães Rosa. E nem sempre o que é clássico incontestável é o livro indicado para o momento. Pode acontecer também que se descubra, meio por acaso, outro clássico: começamos a lê-lo e nos empolgamos, descobrindo o prazer que há em avançar por ele, um livro que nunca abordamos, porque era venerado pela crítica e nos deixava um tanto receosos de enfrentá-lo.[...]
Como escritor em processo, tem-se de ler de um modo diferente. Há quem goste de sublinhar frases ou trechos significativos. É útil também para destacar metáforas ou comparações espertas. Ou ainda para realçar ideias que admiramos, detestamos ou imaginamos que merecem uma reflexão posterior. Como artesão da escrita, deve-se ler e procurar sempre no dicionário uma palavra que não se conheça, incorporando-a em nosso repertório. Afinal, não estamos só lendo um texto como um leitor comum; queremos entender como o escritor fez aquilo. Às vezes, apenas sublinhar não basta. O comentário que surgiu na sua mente deve ser escrito, para não ser esquecida essa primeira impressão.
Se o texto nos impressionou e se ele se ajusta ao que pretendemos escrever, façamos mais um esforço. Leiamo-lo de novo, depois de saber o que vai acontecer na ação ou quais ideias serão discutidas. Perceber-se-ão com mais clareza os métodos do escritor e, se for o caso, entenderemos melhor o que ficou confuso na primeira leitura.
Na ficção, ainda se pode ver melhor nessa segunda leitura se o personagem tem coerência, ou se poderia ser dispensado da trama. A leitura estimula o pensamento e pode nos tornar mais sensíveis ao que vamos escrever. Com o primeiro rascunho pronto, começa-se a editar. Ou seja, deve-se ler e reler cada palavra e ver se ela está encaixando no todo, até mesmo se está escrita corretamente. Começa-se a encarar melhor o texto, como se fosse escrito por outra pessoa. E se houver dificuldades em entender alguma coisa ou em achar lógico um ou outro desenvolvimento do texto, lembremo-nos de que outras pessoas - os nossos leitores - também terão.
FERRAZ, Geraldo Galvão. In: Revista Língua Portuguesa - Ano III, Nº28, 2008 - adaptado.
Assinale a opção na qual, em todo o trecho transcrito, só ocorre sentido literal.
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